quarta-feira, dezembro 19, 2007

Cuidados com os fundamentos da ASAE

Não às novas medidas de higiene alimentar da A.S.A.E.

Ao: Ministério da Economia e Inovação da Republica Portuguesa

A A.S.A.E., Autoridade de Segurança Alimentar e Económica tem vindo a impor sobre a restauração portuguesa um conjunto de regras e obrigações que em nada favorecem o povo português, pondo inclusivamente em causa valores culturais da nossa sociedade. Sob a bandeira da higiene e da segurança e escondidas atrás de supostas regras comunitárias (que não parecem estar em vigor em mais nenhum país da União Europeia), a A.S.A.E. instaurou um conjunto de medidas que vão desde a proibição da venda de produtos alimentares não empacotados, à proibição da utilização de chávenas de porcelana para chás e cafés, ou de copos de vidro para outras bebidas. De acordo com estes regulamentos todos os alimentos devem estar empacotados e etiquetados com prazos de validade, mesmo os preparados no próprio local de venda e as bebidas deverão ser servidas em copos de plástico.
Além dos duvidosos e obsessivos principios higiénicos em que estas medidas se inserem, estas são de um cariz claramente anti-ambiental, estando em causa um drámatico aumento da produção de lixo, essencialmente plástico, um material resultante da refinação do petróleo. Em vez de uma política dos três R(reduzir, reutilizar, reciclar), temos aqui uma política do desperdício e da total falta de consciência ambiental.
Depois há naturalmente a questão cultural. Como nos podem exigir que bebamos café em copos de plástico, como podem impedir a venda de bolas de Berlim nas praias, ou proibir que os cafés vendam produtos de fabrico próprio não empacotados? Os cafés sabem sempre melhor numa chávena e os produtos acabados de fazer, que tantas vezes chamamos "frescos", são aqueles que nos atraem aos locais onde são feitos?
Contra a subserviência ao monopolio dos plásticos e do petróleo e a favor da tradições do bem comer e bem beber portuguesas, assinamos esta petição. Não podemos permitir que estraguem aquilo que de melhor existe no nosso país e, de certa forma, aquilo que faz de todos nós portugueses.
Não à implementação das novas medidas de higiene alimentar da A.S.A.E., já!

Cumprimentos

http://www.petitiononline.com/naoasae/



Um comentário:

Anônimo disse...

O problema, repito, é que as leis que a ASAE quer fazer cumprir estão mal feitas e baseiam-se em pressupostos errados. Quando a Pillsbury americana inventou nos anos 50 as normas HACCP, a noção dos técnicos locais sobre corantes e conservantes era completamente desfasada da realidade que nós conhecemos na actualidade. Pior ainda, os americanos dos anos 50 não sabiam porque é que o cravinho, a pimenta, a fruta critalizada ou mesmo a calda de açucar na doçaria alentejana serviam de protecção natural e ecológica contra a deterioração dos alimentos. Ora não sabendo que os químicos fazem mal e que o nosso corpo não consegue lidar com eles a prazo, não sabendo que as aparas de plástico das tábuas de cortar são piores que as de madeira, e não sabendo que os alimentos podem ser protegidos de modo natural (como acontece desde o tempo das descobertas) é natural que as leis agora em vigor apenas sirvam as grandes multinacionais da alimentação ao invés de servir os portugueses e a gastronomia nacional (uma forma de cultura, para quem não sabe). Banir as bactérias da nossa alimentação a troco da proteção química é um disparate, tal como o são as normas que só em Portugal são aplicadas do modo que são. Higiene é uma coisa desejada por todos. Fanatismo ou excesso de zelo é outra, que apenas beneficia a indústria, os grandes grupos e os cofres do Estado. Mereciamos melhor, julgo eu...