Escapou em Mortágua mas não resistiu à EN 17
Sobrevivente de fogo que matou quatro bombeiros morreu na estrada. A vítima mortal do acidente ocorrido anteontem, na Estrada da Beira, fora o único sobrevivente de um grupo de cinco bombeiros envolvidos noutro acidente, em Mortágua, há três anos."Não foi da outra vez, foi desta", comentou-se, ontem, na Lousã. Era da Lousã que vinha Rui Carlos dos Santos Correia, 30 anos, quando o seu Renault Clio chocou, frontalmente, com o Seat Ibiza conduzido por João Encarnação Luís, de 36 anos e residente, também, naquele concelho.
Os Bombeiros Sapadores de Coimbra (BSC) registaram o acidente às 20.31 horas. Em ambiente de pesar, as conversas resvalavam para o fogo a que Rui resistiu, em Mortágua, a 28 de Fevereiro de 2005. Nesse incêndio florestal de Inverno, morreram os quatro colegas que estavam com Rui, que sofreu queimaduras nas pernas mas conseguiu escapar ao avanço repentino de uma frente de fogo, devido ao chamado "efeito chaminé". O acidente foi seguido de um controverso inquérito. O presidente da Associação Nacional de Bombeiros, Fernando Curto, acusou mesmo dois responsáveis distritais da Protecção Civil, Jaime Soares e António Bernardes, de fazerem "ameaças e pressões" sobre o comandante dos BSC para silenciar o sobrevivente. Rui Correia, na conferência de imprensa de Fernando Curto, prestou homenagem aos colegas e pediu desculpa aos jornalistas "por não poder dizer mais nada". "Estou aqui a dizer aquilo que posso dizer. Confio no resultado deste inquérito. Confio na Justiça portuguesa e sei que vai tudo ser resolvido pela verdade", afirmou.
A verdade é que nunca chegaram a ser apuradas responsabilidades, na cadeia de comando, pelo posicionamento do carro dos cinco bombeiros. E não há notícia de que Rui Correia tenha voltado a falar do assunto em público.
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