quinta-feira, janeiro 08, 2009

Já anda tudo em frenesim

É por esta altura que o frenesim entra, de rompante, nas adormecidas sedes partidárias. Um bolo de três eleições num só ano faz crescer água na boca.
Se não agarrar agora lugar nas listas, o político (ou candidato ao estatuto) corre o risco de ficar apeado. Mais um par de meses e já o ramo, demasiado composto, se presta menos a desbastes de ocasião.
O processo assenta em discretas movimentações ou despudorados confrontos. Em contagem de espingardas. Em pequenas e médias facadinhas. Só ocasionalmente se exprimem projectos políticos alternativos. Ainda mais rara é a oferta de palco político a quem se destacou na sociedade civil. Os veteranos, quase todos, lutam por poiso elegível. Aos outros, extraídos de bem-comportadas juventudes partidárias ou familiares de políticos de carreira, talvez seja concedida uma oportunidade de tirocínio.
Não é espectáculo que passe na televisão. Mas pressente-se, numa ou noutra notícia, quão fervilhante já anda a preparação dos três sufrágios. Mais a mais num contexto de reserva obrigatória de lugares ao sexo feminino. Anda por aí muito homem danado com essa modernice da lei da paridade, que o empurra para a reforma ou o obriga a esperar por nova vaga. Mulher que, desprevenida, passe por estes dias no Largo do Rato, na Rua de S. Caetano, no Largo do Caldas - eu sei lá... - arrisca-se a ser convidada a candidatar-se.Manuela Ferreira Leite, que ainda não deve ter feito contas aos milhares de mulheres que terá de recrutar, já fixou regras. Quer separar, em definitivo, as águas: autarcas não se candidatam a deputados. Como era de esperar, logo se ouviram protestos, a começar pelos do sempiterno e troglodita presidente da Câmara de Poiares, Jaime Soares.

Sendo uma medida de elementar higiene política, o PSD não a inscreveu na necessidade de renovação de quadros, mas, digamos assim, na clarificação das escolhas. Se vier a concretizar-se, será um passo histórico para acabar com o truque do costume: o senhor presidente da Câmara faz valer o seu prestígio local na corrida ao Parlamento, mas depois - era a brincar - recolhe aos Paços do Concelho. Falta saber se Ferreira Leite leva a coisa a peito. Se também está disponível para não se recandidatar à Assembleia Municipal de Arganil e impedir que o seu "vice", António Borges, volte a disputar a de Alter do Chão.Ora aqui está um bom tema de debate, antes que a campanha aqueça: acabar de vez com a promiscuidade política, tão velha como a nossa democracia, de governantes que mantêm um pé nos parlamentos locais.

Não seria mais transparente que cada macaco só ocupasse o seu galho?

4 comentários:

Anônimo disse...

O Jaime Só Ares ainda pode recadidatar-se????
Respondam-me que não, se faz favor.

Anônimo disse...

Leia-se : "recandidatar-se".

8 de janeiro de 2009.

Vítor Ramalho disse...

Politicos do sistema, tudo farinha do mesmo saco.

Anônimo disse...

Sou um poiarense dos velhos.
Já vi muita porcaria à frente desta pobre autarquia.
Mete-me um bocado de nojo um monumento situado no jardim que se diz ser um monumento á raça poiarense.
O que será á raça poiarense?
Os trafulhas, mixordeiros e ladrões dos azeiteiros/petrolinos?
Ou os trafulhas dos sucateiros e vendedores de carne ilegal da Risca Silva e do Forcado?
Menino e moço me levaram de casa de meu pai, para servir em casa de um azeiteiro em Vila da Feira.
Tinha doze anos, fiz os treze em Freixieiro/Matosinhos com uma familia de Vale de Sancho, fui daí para um tal Pinto, da Risca Silva, em Gaia onde fiz 14 anos e aos 15 estava na Lourinhã com um vigarista de Covelos.
Aos 16 era o responsável por uma venda de azeite nos Carvalhos e aos 17 passei-os em Viana do Castelo.
Se ser escravo de vigaristas e traficantes é pertencer à raça poiarense, então eu tenho vergonha de ser natural de Vila Nova de Poiares.
Eu falo do que sei e do que vivi.
As gerações de poiarenses que nasceram após os anos cinquenta nem sabem a sorte que tiveram, porque as vendas de azeite começaram a definhar e praticamente acabaram nos anos 70.
Nas vendas,não havia horário de trabalho.
Muitas vezes levantavamo-nos às cinco da manhã e deitavamo-nos para lá das dez da noite, cansados, encharcados cheios de frio e com fome.
Na manhã seguinte vestíamos a mesma roupa encharcada e voltavamos à mesma lida.
Passar o dia a correr atrás duma mula com uma carroça de aldeia em aldeia era tudo menos dignidade.
Não havia sequer um guarda chuva ou um casaco de oleado.
Chamam a isto raça?
Só se for raça de bandidos, ladrões e traficantes.
Sabem quanto eu ganhava em 1965 numa venda de azeite?
Cerca de um euro e meio por mês.
Não estou a brincar, eram mesmo 300escudos por mês.
Como já referi, nasci no concelho de Vila Nova de Poiares, mas neste momento vivo uma série de ambíguidades acerca do amor à terra onde nasci e não sei se é ódio,desprezo,raiva ou se ainda é mesmo amor.
Vivo na zona de Lisboa há 43 anos e penso voltar para a terra quando me reformar mas começo a ter algumas dúvidas enquanto estiver no poder autárquico essa escumalha.
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Um poiarense