sexta-feira, março 27, 2009

Há mais incêndios em anos eleitorais

"VAMOS TER UM VERÃO DIFÍCIL"

Este ano, muito provavelmente, "vamos ter um Verão difícil" a nível de incêndios. Quem o admite é o próprio secretário de Estado das Florestas, Ascenso Simões, que ontem esteve em Faro na tomada de posse da Comissão Distrital de Defesa da Floresta Contra Incêndios.

O governante confirmou, a par da governadora civil de Faro, que "há estatísticas que indicam que há mais incêndios em anos de eleições". A nível de prevenção, Ascenso Simões alertou para o facto de a GNR não poder "andar a fazer autuações a proprietários e as autarquias a olharem para o lado".

Quando há eleições legislativas ou autárquicas, nesse ano registam-se mais fogos florestais e a área ardida é maior do que a média. Uma análise aos dados sobre os incêndios, desde 1980, permite ainda concluir que os anos em que se escolhe o Governo são os piores.

Jaime Soares, da Federação de Bombeiros do Distrito de Coimbra, já tinha noção desta realidade. "São momentos de maior instabilidade e emocionalidade, que contribuem para essa situação", explica ao CM. Uma opinião idêntica à de outros responsáveis pela Protecção Civil e autarcas.

Em 27 anos (1980-2007) houve sete eleições autárquicas. Nestes períodos, os fogos florestais foram superiores à média em 6,68% e a área ardida também cresceu (4,54%). Nos nove anos em que foram escolhidos os governos, a área ardida subiu (16,8%), mas o número de ocorrências desceu (2,86%). E os anos de 1985 e 2005, em que as duas eleições coincidiram, foram dos piores de sempre – com 146 254 e 312 829 hectares de área queimada, respectivamente.

Para Jaime Soares, também presidente da Câmara de Poiares, estes dados "não significam, obviamente, que haja um envolvimento dos partidos ou dos políticos. O que acontece é que há pessoas mal formadas, que por desavenças ou maldade" decidem incendiar as florestas e muitas vezes porque os candidatos berram muito e insultam os adversarios, digo eu .

Os dados mostram que nos anos de eleições se registam, na maioria dos casos, mais incêndios – e, em metade das situações, maior área destruída do que nos anos imediatamente anteriores. Uma tendência reforçada este ano, já que vão realizar-se os dois escrutínios e a área ardida já é superior à do mesmo período de 2008.

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