sexta-feira, julho 31, 2009

A inauguração do Quartel dos Bombeiros Voluntários

Os Bombeiros Voluntários de Vila Nova de Poiares dispõem de um novo quartel, que passa a acolher também o Centro Municipal de Protecção Civil.

A inauguração oficial foi realizada na presença do Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, em 16 de Junho, e a transferência do corpo de bombeiros ocorreu dias depois, na presença da população local, de familiares dos bombeiros e de muitos dirigentes e elementos de comando das associações congéneres, bem como do vice-presidente da federação de bombeiros do distrito e de um vogal do Conselho Executivo da Liga dos Bombeiros Portugueses, José Ferreira.

Foi num ambiente de festa que as cerimónias se desenrolaram. Primeiro, teve lugar a imposição de medalhas de assiduidade, de 5 a 25 anos de serviço, a 42 elementos do corpo de bombeiros.

Seguiram-se depois as promoções a bombeiros de 3.ª, 2.ª e 1.ª classe, e a subchefe. Por fim, procedeu-se à bênção e inauguração de, nada mais nada menos, 22 viaturas operacionais, bem visíveis na imagem que reproduzimos.

“Foi um momento verdadeiramente único e talvez inédito em Portugal”, conforme fez questão de sublinhar o comandante dos Voluntários de Poiares, Jaime Soares, dado que é pouco comum, como aconteceu, serem instituições a apadrinhar viaturas de bombeiros.

Depois de benzidas pelo pároco local, o padre Joaquim Natário, 16 das viaturas foram apadrinhadas por instituições do concelho. Das outras seis, quatro apadrinhadas por personalidades e duas por empresas.

O convite dirigido às instituições para apadrinharem as viaturas foi justificado pelo comandante Jaime Soares com o facto de “esta ser também a sua casa”. Dirigindo-se aos respectivos representantes, aquele responsável apelou para que “façam desta casa também a vossa casa, a casa que está aqui para ajudar todos os poiarenses, de mãos dadas com as nossas instituições, porque as instituições são a grande força da nossa terra”.

O comandante Jaime Soares, no uso da palavra, não deixou também de tecer sérias críticas ao Poder Central. Começou por aludir às duras condições em que os bombeiros muitas vezes exercem a sua actividade, “deixando tudo para ir em auxílio do seu semelhante, sem pedir nada em troca e não sabendo muitas vezes se irão regressar”. Advertiu também para que “ninguém se atreva a confundir voluntariado com amadorismo”, reforçando que os bombeiros são voluntários por opção, mas profissionais na acção, porque “são os únicos que não podem falhar, sob pena de colocarem em risco a própria vida e a de quem estão a socorrer”.

“Os bombeiros têm vindo a ser muito maltratados nestes últimos anos”, sublinhou o comandante Jaime Soares, explicando que eles não têm apoios para novas viaturas há mais de cinco anos. “Dizem-nos agora para concorrermos ao QREN, sendo que, caso sejamos contemplados, as viaturas serão atribuídas aos bombeiros em regime de comodato, ou seja, não são propriedade plena da instituição, o que é inacreditável”, acrescentou ainda o comandante.

“Há vários anos que não há financiamento para as necessidades de funcionamento dos corpos de bombeiros, apesar das promessas recorrentes”, lembrou o mesmo responsável, aludindo ao facto de que, ”apesar de ter sido candidatado ao QREN, do investimento realizado nesta estrutura (que ronda 1,5 milhões de euros) ainda não recebemos um único cêntimo”.

As críticas de Jaime Soares alargaram-se à nova legislação para o sector dos bombeiros, que impõe ”a exigência de um profissionalismo de tal forma burocrático que apenas acabará por matar o voluntariado”.

Aquele responsável lamentou todas estas “agressões” aos bombeiros, “cujo único salário que recebem pelo seu árduo e abnegado trabalho são as medalhas que trazem ao peito, como as que hoje lhes entregámos”. Consciente das responsabilidades que tem, enquanto presidente da Federação de Bombeiros do Distrito de Coimbra e presidente da Mesa dos Congressos da LBP, Jaime Soares salientou que, “por isso, não me posso calar”.

Nas suas intervenções, os representantes da LBP e da federação distrital não deixaram de destacar a moldura humana presente na cerimónia, demonstrativa do apego ao voluntariado.

A celebração terminou com mais um momento de confraternização, que incluiu um lanche e muita música, onde também não faltaram as marchas populares, apresentadas pelo Grupo Desportivo, Recreativo e Cultural da Póvoa da Abraveia.

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