Jaime Soares - Ministério Público acusou o presidente da Câmara

Acusado de usar meios da Câmara em obra particular
Ministério Público acusou o presidente da Câmara Municipal de Vila Nova de Poiares, Jaime Soares, de ter usado meios da Autarquia para realizar obras particulares. Num processo em que o autarca responde pela prática dos crimes de abuso de poder, peculato e peculato de uso (na forma continuada e agravada), estão em causa, segundo apurou o JN, obras particulares que terão sido executadas por funcionários do município, alegadamente durante o seu horário de trabalho na Autarquia. É igualmente acusado de ter usado viaturas, equipamentos e materiais pertencentes à Câmara para concretizar esses trabalhos.
Jaime Soares garante, no entanto, estar de "consciência tranquila" e diz que nem requereu a instrução do processo para poder "clarificar tudo" durante o julgamento.
Uma das obras que estão em causa neste processo é a construção de anexos nas traseiras da sua própria residência, que o Ministério Público conclui ter sido concretizada com meios da Autarquia. Há, nomeadamente, a suspeita de que esses trabalhos tenham sido executados por funcionários municipais, durante os seus horários de trabalho.
O Departamento de Investigação e Acção Penal de Coimbra acusa também Jaime Soares de ter recorrido aos meios da Câmara para a realização de obras num estaleiro de sucata de que é proprietário. Está igualmente indiciado por usar meios pertencentes ao município para proceder à remoção de terras de um espaço (propriedade de uma empresa) onde está prevista a construção de uma unidade hoteleira.
A retirada dos cartazes afixados pelo seu partido (PSD) durante campanhas eleitorais terá sido, igualmente, executada por funcionários municipais, alegadamente por ordem do arguido, segundo conclui a investigação, levada a cabo pela Directoria de Coimbra da PJ.
No âmbito deste processo, em que estão em causa situações que remontam principalmente aos anos de 2002 e 2003, o DIAP acusa ainda o presidente da Câmara de ter recorrido a funcionários municipais para executarem, nos seus horários de trabalho, obras em instalações pertencentes à Associação de Desenvolvimento Integrado de Poiares.

Recurso a funcionários - Em 1993, um relatório da Inspecção-Geral da Administração Interna revelou que, durante o mandato 1983-86, Jaime Soares recorreu a um funcionário da Câmara para, em horas de serviço, montar gradeamentos e portões num armazém seu.
Uso de equipamentos - O mesmo relatório, que chegou a ser apreciado pelo Tribunal de Contas, dava como provado que o autarca poiarense utilizou equipamento do município, como uma retroescavadora, para construir a piscina da sua residência particular.
"Quem não deve não teme"
Jaime Soares ainda aguarda o julgamento em liberdade e espera que no decurso do julgamento "tudo venha a ser clarificado", porque diz ter provas que o ilibam da acusação. Diz, de resto, estar habituado a safar-se das denúncias feitas por e, à semelhança do que aconteceu com outros processos em que foi arguido, espera ser absolvido também agora. Tipo apito dourado.

Nota: Exc.do Jornal Noticias lá de tras 05.11.06.