A Confraria quer promover a lampreia e todos os pratos que fazem parte da ementa tradicional
Penacova acolheu o 1.º capítulo da Confraria da Lampreia. Um ritual de tradição, saber e sabor que vai ser apreciado por confrarias de todo o país e de Espanha.
A vila de Penacova vai ser invadida, hoje logo pela manhã, pelo colorido das confrarias portuguesas e espanholas. Trata–se do primeiro Capítulo da Confraria da Chanfana de Penacova que vai oferecer a todos os convidados - e curiosos - um programa recheado de surpresas.
A “festa” começa às 09H30 com um encontro no terreiro de Penacova e prossegue, pelas 10H00, com a tomada de posse dos órgãos sociais da confraria nas instalações da Escola Profissional Beira Aguieira.
Depois de apreciados alguns aperitivos, os participantes no evento seguem em desfile para a Igreja Matriz onde, pelas 11H30, o padre Joaquim - que esteve em Lorvão durante muitos anos - celebrará a eucaristia acompanhado pelo coro local. Um desfile que será marcado pelos trajes e estandartes próprios das diversas confrarias participantes.
Finda a missa, por volta das 12H30, terá início a cerimónia da entronização dos sócios–fundadores da Confraria da Lampreia. Uma cerimónia, que vai decorrer na Casa do Povo, e que vai obedecer a um ritual próprio onde não irá faltar o juramento dos sócios, a partilha (da lampreia, claro), e um brinde à confraria. Depois de tanta cerimónia e ritual, os convidados poderão sentar–se à mesa onde os espera uma ementa rica e natural e onde, como manda a tradição, a lampreia vai ser a rainha.
O repasto vai ser servido nas piscinas municipais e vai oferecer, ainda, peixinhos e enguias fritas, sopa e sobremesa do concelho. Apreciados os sabores, vamos à animação. E aqui, vai imperar o fado de Coimbra e a leitura de dois poemas à confraria e a Penacova. Quanto aos saberes, não há nada que enganar. A Confraria da Lampreia de Penacova tem como principais objectivos promover o convívio “porque a vida também é a arte do encontro”; divulgar os sabores e saberes tradicionais; promover e apoiar acções sobre os mais diversos aspectos ligados à restauração e turismo, como é o caso da formação profissional que é, segundo Manuel Flórido, “uma lacuna a nível nacional”.
“Nós vamos a restaurantes onde a cozinha até é muito boa, mas onde o atendimento deixa muito a desejar”, explicou, adiantando que é necessário sensibilizar os proprietários e os funcionários para a importância do serviço e não só. “É importante, por exemplo, que um empregado de mesa saiba dar sugestões sobre os melhores vinhos para os pratos escolhidos”, acrescentou.
Levar “a escada” até à assembleia da república
À formação e à valorização da gastronomia tradicional, a Confraria da Lampreia junta também outras preocupações cujas soluções são fundamentais para a preservação da tradição. Manuel Flórido aponta a questão da ponte–açúde em Coimbra onde se exige a instalação de uma escada que permita a subida da lampreia pelo Mondego até Penacova.
“Iniciámos, em conjunto com a Associação de defesa do Mondego e Afluentes e com os restaurantes do concelho, a recolha de assinaturas para usar o direito de petição e levar o assunto ao presidente da Assembleia da República para que seja discutido no Parlamento”, explicou.
Mas as iniciativas prometem não ficar por aqui. A confraria gostaria, também de promover fins–de–semana ou sábados gastronómicos durante todo o ano privilegiando as ementas tradicionais do concelho, como a lampreia, o arroz de míscaros, a chanfana, os peixinhos do rio fritos.
“E também avançar com a certificação da lampreia à moda de Penacova”, confessou.
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