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domingo, março 20, 2005
PENACOVA-Confraria da Lampreia lançou mensagem ao rio
Uma cabaça portadora de uma mensagem lançada nas águas do rio Mondego marcou o II Capítulo da Confraria da Lampreia. Mais uma vez os confrades de Penacova quiseram alertar para a necessidade de construção de uma escada de peixe no açude-ponte, em Coimbra, e ao mesmo tempo lembrar que é preciso mais fiscalização na pesca do meixão, uma actividade ilegal que pode por em risco a sobrevivência da espécie
A Confraria da Lampreia, de Penacova, realizou ontem o seu II Capítulo com a entronização de mais de três dezenas de novos confrades que juraram defender e promover a lampreia, um dos pratos típicos de Penacova que, desde há alguns anos, muito tem contribuído para a promoção e valorização do concelho a nível turístico.
A cerimónia de entronização dos 36 novos confrades decorreu durante um almoço, na Quinta da Nora, em Miro, antes porém, os velhos e os recém confrades alertaram, mais uma vez, para a necessidade de construção da escada de peixe, na ponte-açude, em Coimbra. Uma obra para a qual existe projecto desde 2002, mas que continua a aguardar por concretização.
O lançamento de uma cabaça com uma mensagem às águas do rio Mondego constituiu um dos pontos altos do II Capítulo da Confraria da Lampreia. A mensagem, dirigida à Assembleia da República, serviu para lembrar que este órgão tem a ver com o projecto de alteração do açude, em Coimbra, disse Manuel Estácio Flórido, confrade-mor, momentos antes de lançar o objecto rio abaixo. A não existência de uma escada de peixe no açude impede que as lampreias e outras espécies como o sável e a enguia consigam subir o rio para desovar, por isso queremos lembrar que esta é uma obra fundamental para a sobrevivência da lampreia, disse o confrade--mor, lembrando que a Assembleia da República tem lá uma petição com 4500 assinaturas, desde o ano passado, mas o assunto nunca foi discutido. Queremos que seja agendada, com prioridade, a discussão desta petição, afirmou Estácio Flórido.
Por outro lado, o lançamento da cabaça ao rio, serviu também, simbolicamente, para que a mensagem chegue a Coimbra, onde há entidades com responsabilidades nesta matéria, como a Direcção Regional do Ambiente ou a CCDR, disse o confrade, manifestando também vontade que outras entidades, nomeadamente associações ambientalistas, estivessem nesta luta pela sobrevivência da lampreia que dá este prato.
Enguia também pode estar em risco
Mas se a falta de uma escada de peixe pode pôr em causa a lampreia, também as enguias podem estar em risco, nomeadamente pela pesca ilegal ao meixão (as enguias bebés, também chamadas de caviar português). A mensagem da Confraria foi também para que haja uma maior fiscalização ao meixão, explicou Estácio Flórido, lembrando que a enguia bebé continua a ser pescada ilegalmente.
O II Capítulo da Confraria da Lampreia, que contou com a presença de confrarias vindas de norte a sul do país, das ilhas e de Espanha e França, começou com uma recepção em Lorvão, onde foi servido um pequeno-almoço à base de doçaria conventual, a que se seguiu uma missa no Mosteiro de Lorvão. Já em Penacova teve lugar uma recepção na Câmara Municipal, a que se seguiu o tradicional desfile dos participantes. A entrega das insígnias aos 36 novos confrades decorreu na Quinta da Nora, seguida do almoço onde não faltaram as enguias e os peixinhos do rio, os doces conventuais e, claro, a lampreia à Penacova, este um prato que, de resto, tem servido como alavanca turística para o concelho de Penacova, conforme o afirmou o presidente da Câmara Municipal, na sessão de recepção a todos os confrades, na autarquia. Com efeito, a lampreia tem sido uma das estratégias de desenvolvimento turístico, apoiada na restante gastronomia regional, entre elas a doçaria conventual, disse Maurício Marques. Temos dado grande impulso à dignificação deste prato, concluiu o autarca.
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