terça-feira, dezembro 09, 2003

O refém ...............................


NUMA RÁBULA que se repete de quatro em quatro anos, soube-se agora que Alberto João Jardim vai, afinal, candidatar-se de novo nas eleições regionais de 2004. Após 25 anos à frente do poder madeirense - e apesar das suas renovadas e veementes promessas de não se candidatar e encontrar um sucessor - Jardim vê-se obrigado a permanecer no posto. O veterano presidente do governo regional da Madeira tornou-se um refém político na sua própria ilha.

Ao contrário de Mota Amaral, que teve a capacidade e soube fazer a transição, na sua carreira, da dimensão regional para o plano nacional, Jardim nunca foi capaz de se afirmar fora do seu reduto. Nem a nível da direcção nacional do PSD, nem em órgãos como o Parlamento ou o Conselho de Estado. A sua voz não é ouvida ou, quando o é, não se leva a sério.

Daí que sempre se tenham frustrado as suas tentativas para se libertar do espartilho regional. Quer em rocambolescas encenações de candidatura à Presidência da República quer em fracassadas alianças para disputar o poder no PSD nacional. Agora, parece fechar-se-lhe a última porta de saída da sua «prisão regional»: o cargo de comissário europeu. Que, não obstante muitas resistências e reticências, Durão Barroso terá chegado a ponderar, mas que parece destinado a continuar nas mãos de António Vitorino.

De novo encurralado na sua ilha, Jardim deu mais uma vez o dito por não dito. E volta, resignado, às estradas madeirenses para a campanha eleitoral de 2004. Se, na Madeira, Jardim é quase um mito, fora do arquipélago não tem horizontes, ninguém parece querê-lo como representante ou aliado. Faz lembrar, em muitos aspectos, o percurso de outro líder regional, Jorge Nuno Pinto da Costa.

Porque o já histórico líder madeirense tem muitas e múltiplas vitórias eleitorais na ilha, mas poucos ou nenhuns sociais-democratas o seguem no continente. Tem frontalidade, mas não tem credibilidade. Tem energia a rodos e não teme riscos, mas falta-lhe contenção e equilíbrio. . Tem muita obra feita, mas assente num poder clientelar e num défice democrático terceiro mundista.Tem uma cartilha populista e muitas tribunas para se exprimir, mas carece de densidade teórica e de consistência política.

Aprisionado pelas suas limitações, enredado nas suas contradições, Jardim aposta agora tudo no populismo constitucional e no sonho de um peronismo presidencial. É o crepúsculo de um inconformado e limitado dinossauro.

Comentários cá do je.......




Onde é que eu já vi isto ?

Não é preciso ir longe......já cá temos um exemplar.
Aproveitando o texto, cá teremos.

- É o crepúsculo de um inconformado e limitado dinossauro.
- Tem frontalidade, mas não tem credibilidade.
- Tem muita obra feita, mas assente num poder clientelar e num défice democrático terceiro mundista.
- Tem uma cartilha populista e muitas tribunas para se exprimir, mas carece de densidade teórica e de consistência politica.
- Se em Poiares é quase um mito, fora da terra não tem horizontes, ninguém parece querê-lo como representante ou aliado




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