
O Ministério Público (MP) e o advogado de defesa pediram, ontem, a absolvição do presidente da Câmara de Poiares, Jaime Soares. O autarca é acusado de abuso de poder, peculato e peculato de uso, crimes que não ficaram provados durante o julgamento que decorreu no Tribunal de Penacova. A leitura da sentença está agora marcada para o próximo dia 9. Após a audição das testemunhas, o próprio procurador do MP pediu a absolvição do arguido e considerou que em Poiares, como noutras autarquias, "há processos em que as facções políticas usam e abusam de procedimentos criminais para outros fins". Segundo a acusação, Jaime Soares, presidente da Câmara desde há 33 anos e actual líder da Distrital do PSD/Coimbra, terá alegadamente usado meios humanos e materiais do município em obras particulares, quer dele próprio quer da Associação para o Desenvolvimento Integrado de Poiares (ADIP). Nas alegações, o procurador sustentou que, no caso da construção de anexos na casa do autarca, não se provou que alguns funcionários da edilidade tenham trabalhado nessas obras durante o horário de expediente, podendo estes fazer biscates aos fins-de-semana, como terá acontecido. Já em relação à ADIP, em cujas instalações s Câmara construiu dois fornos, alegou poder tratar-se de um apoio àquela associação, que é uma IPSS e que desenvolve projectos de formação, neste caso a preservação de artesanato em barro preto, uma tradição local.Por seu lado, o advogado de defesa, Rodrigo Santiago, considerou que este processo não passa de "uma cabala". "Aquilo que era acusação deixou de o ser e estivemos aqui a perder tempo", disse. Para Rodrigo Santiago, "alguém resolveu fazer uma acusação e o resultado foi este nada provado". "Agora, o MP repensou e verificou que não há razão para condenação. Mas nem sequer devia ter havido acusação", defendeu o advogado. No final da audiência, Jaime Soares emocionou-se e chegou mesmo a chorar. "Os derrotados não me deixam viver em paz", disse, para concluir que "todas as testemunhas vieram dizer o contrário da acusação, excepto os três que me acusaram".