MIRANDA DO CORVO - Jorge Cosme ilibado

FATIMA RAMOS em maus lençois

O Ministério Público (MP) arquivou uma queixa contra o ex-presidente da Câmara Municipal de Miranda do Corvo, Jorge Cosme, que era acusado de seis crimes na gestão do projecto de Luta Contra a Pobreza, entre 1998 e 2001

O arquivamento do processo foi ontem revelado em conferência de imprensa pelo antigo autarca, actual chefe de gabinete do governador civil de Coimbra, que governou a Câmara entre 1993 e 2001, tendo perdido as eleições desse ano para a actual presidente Fátima Ramos.
A queixa corria no Departamento de Investigação e Acção Penal de Coimbra desde 2002, no seguimento de uma auditoria externa ao Projecto de Luta Contra a Pobreza de Miranda do Corvo, encomendada pelo executivo da social-democrata Fatima Ramos ao advogado Carlos Fraião.
De acordo com as conclusões do relatório, o ex-presidente, Jorge Cosme, o ex-vice-presidente, Mário Ricardo, e antigo Provedor da Santa Casa da Misericórdia de Semide, João Carvalho, poderiam ter cometido crimes de abuso de poder, administração danosa, apropriação ilegítima de bens do sector público, participação económica em negócio, tráfico de influência e falsificação de documento.
É mais um processo que termina e repõe a justiça, que alguns, sem escrúpulos e sem princípios, e apenas com fins estritamente políticos e eleitorais, venderam à população do concelho, sublinhou Jorge Cosme, o único a ser constituído arguido. Acrescentando que os relatórios efectuados anteriormente pela Inspecção da Segurança Social e Inspecção-Geral da Administração do Território não indicavam qualquer crime, o antigo autarca acusou ainda o auditor de «ter inventado conclusões encomendadas».
Segundo a leitura de Jorge Cosme, a sua sucessora ganhou as eleições autárquicas de 2001 com base em mentiras e denúncias infundadas, intoxicando a opinião pública nos quatro anos em que foi vereadora da oposição.
«Fomos perseguidos politicamente, mas mais uma vez ficou provada a seriedade dos eleitos socialistas à frente dos destinos do concelho e da Junta de Semide», reiterou.
Considerando inadmissível que pessoas como esta (Fátima Ramos) estejam a gerir a coisa pública, o ex-autarca afirmou que tem um advogado a estudar a possibilidade de mover uma queixa contra a Câmara Municipal e o auditor para «pôr na linha quem se comporta assim na política».
Presidente da Federação do PS exige desculpas públicas

«Este é o culminar de um conjunto de factos que vieram a público num ambiente de campanha eleitoral, lançando suspeitas que contribuíram decisivamente para a perda da autarquia de Miranda do Corvo», declarou Victor Baptista, presidente da Federação Distrital do PS.
O dirigente partidário criticou também a social-democrata Fátima Ramos por ter lançado sucessivas acusações e suspeições sobre a equipa socialista que geria a autarquia, cujos processos comprovaram que não existia nada de ilegal e indigno que ofuscasse a seriedade dos seus autarcas.
«Infelizmente não temos forma de repor os estragos feitos, mas esperemos que esta realidade sirva para alertar os cidadãos bem intencionados das denúncias que são feitas em alturas de campanha eleitoral», sublinhou.
Mostrando-se indignado com a actuação da actual presidente da edilidade mirandense, Victor Baptista desafiou Fátima Ramos a, «no mínimo, pedir desculpas ao PS, em particular a Jorge Cosme».

Não se pode colocar em causa a seriedade e a honestidade das pessoas, os processos serem arquivados e tudo ficar impune como se nada tivesse acontecido.