Prevenção, Autarquia, bombeiros, GNR e produtores florestais uniram-se para curar a chaga. Quase não há incêndios há 14 anos, o que permitiu crescimento do negócio do eucalipto
Mortágua era um dos concelhos do país mais martirizados pelos fogos florestais. Na década de 80, centenas de hectares de floresta ardiam todos os anos. Um autêntico flagelo, que parecia não ter fim nem solução. A principal riqueza do município, sustento económico da maioria das famílias, estava à mercê dos implacáveis incêndios de Verão. Porém, a partir de 1990, a situação mudou radicalmente. Porquê? Porque se apostou forte na prevenção e na vigilância florestal.
O esforço conjunto de Câmara, bombeiros, juntas de freguesia, GNR e associação local de produtores florestais daria frutos logo nesse ano.
De então para cá, a área ardida passaria a ser diminuta e o número de fogos irrisório. Nos últimos quatro anos, por exemplo, a área consumida pelos incêndios florestais desceu mesmo, em média, até um hectare por ano. O registo conseguido, que bem pode servirde exemplo para outras zonas do país, só pode ter um epíteto: fantástico.
Uma das estratégias de maior êxito assentou na abertura de caminhos florestais e na criação de diversos pontos de água. Até hoje, a Câmara de Mortágua rasgou cerca de 800 quilómetros de caminhos. Criou quase uma centena de pontos de água e construiu vários postos de vigia, espalhando-os pela densa floresta, maioritariamente constituída por eucaliptais. A rede de estradas florestais e a profusão dos pontos de água permitiram aos bombeiros um combate mais rápido e mais eficaz aos fogos.
Negócio da floresta cresceu
Ao empenho da autarquia, juntou-se o interesse da associação de produtores florestais, que queria manter, a todo o custo, a floresta viva e rentável. Para isso, incentivou acções de limpeza das propriedades e promoveu campanhas de sensibilização junto dos proprietários, alertando-os para a importância e necessidade da limpeza e ordenamento florestal.
O esforço foi bem compreendido e melhor sucedido, já que o negócio da florestal cresceu de forma incomensurável, melhorando as condições de vida da população.
O concelho de Mortágua tem uma das maiores manchas florestais do país (85% do seu território). A plantação de eucalipto começou nas décadas de 60 e70, suplantando o pinheiro, espécie menos lucrativa. Hoje, não há quem não seja dono de um eucaliptal e não faça dele um bom negócio, vendendo a madeira para a indústria das celuloses. A empresarialização da floresta dá frutos.
"Representa a mais importante forma de estar, de viver e de rendimento dos mortaguenses. O cenário é quase de uma dependência florestal",
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