As chamas lavraram com intensidade ao longo de horas, mas uma mobilização geral dos bombeiros conseguiu ?encurralar? o fogo que, por volta das 20h00, foi considerado circunscrito na zona de Poiares.
As operações de rescaldo do maior incêndio registado até ao momento no distrito prolongaram-se pela noite dentro. As chamas eclodiram por volta das 15h20, na zona de Ponte Ribas, concelho de Poiares e depressa se propagaram para a zona da Lousã, Miranda, lavrando com maior intensidade no concelho de Poiares. Rapidamente todos os meios disponíveis foram mobilizados, numa concertação ímpar que deu os seus frutos, como sublinhou o comandante do Centro Distrital de Operações e Socorro de Coimbra (CDOSC). Para o local foram mobilizados 190 bombeiros, oriundos de 22 corporações, de Coimbra, Brasfemes, Arganil, Coja, Lagares da Beira, Oliveira do Hospital, Vila Nova de Oliveirinha, Tábua, Miranda do Corvo, Góis, Lousã, Pampilhosa da Serra, Penacova, Poiares, Penela, Serpins, Mira, Montemor-o-Velho, Soure e Figueira da Foz. Com praticamente todas as corporações de bombeiros do distrito (e outras de Viseu) com meios no terreno, foi tempo para actuarem os meios aéreos (até cerca das 20h35) operação a cargo dos ?dromadair´s? da Lousã e helicópteros de Pampilhosa da Serra e Ferreira do Zêzere, tendo sido mesmo equacionada a deslocação de um ?heli? de Braga, cuja actuação acabou por ser dispensada, dado que a actuação massiva e coordenada de todos estes meios, auxiliados ainda por ?bulldozers?, no terreno, conseguiu controlar as chamas.Uma actuação massiva, de total pressão, com os meios «suficientes», como sublinha fonte do CDOSC e que conseguiu debelar as várias frentes de fogos que se foram criando, com o incêndio a ser dado por circunscrito por volta das 20h00.Foi, de acordo com a mesma fonte, o «maior incêndio registado este ano no distrito de Coimbra» e as dificuldades foram muitas. O responsável do CDOS de Coimbra aponta, como grandes problemas, as «mudanças do vento e os maus acessos», na medida em que se está numa zona densamente florestada e bastante acidentada. Um «ataque cerrado» que venceu as chamas, cuja destruição não estava, ontem à noite, contabilizada, mas que envolverá, certamente, algumas dezenas de hectares de mato e eucaliptal. Sublinhe-se que, apesar da violência das chamas, nunca estiveram em risco habitações. Jaime Soares, comandante dos Bombeiros Voluntários de Vila Nova de Poiares, assumiu pessoalmente o comando das operações no terreno. No final, já com as chamas sob controlo, sublinhou as dificuldades, enfatizando «a geografia do terreno e o vento muito forte que se fazia sentir». Uma situação agravada pelo «intenso calor, baixa humidade» e pela existência de «uma floresta desprotegida», totalmente «à mercê das forças da natureza».O facto de se estar numa zona densamente florestada, com predominância para o eucalipto, não ajudou. Isto porque, explica Jaime Soares, «as folhas de eucalipto voam, qual hélice de helicóptero e vão atear novos focos de incêndio a 100, 200, 300 ou 400 metros de distância». «Esse foi o nosso grande problema. Tínhamos as frentes mais ou menos controladas e as chamas saltavam por todos os sítios», afirma. O também presidente da Câmara Municipal de Poiares sublinha a actuação massiva dos meios envolvidos e «um sistema de coordenação que funcionou razoavelmente», forças combinadas que permitiram «encurralar» o fogo, diz, usando uma expressão que lhe é particularmente cara neste tipo de circunstâncias.Soares não deixa, todavia, de referir a «complicação das forças da natureza», ali conjugadas numa «mistura explosiva». «Há sempre fogo a mais e não há bombeiros ou carros a mais. A força é tão grande que é difícil de contrariar», diz, sublinhando que «é necessário as pessoas analisarem as coisas, com ponderação, quando se pronunciam, para não se ouvirem sucessivas barbaridades».? Um desafio de todos?Pensar o que fazer com a floresta é outro dos desafios que Jaime Soares coloca. «Tem de se exigir ao Governo que crie legislação ? e está a ser criada -, que a regulamente e faça cumprir. Se isso acontecer, daqui a 10/15 anos poderemos ter sinais de recuperação na nossa floresta», considera. Soares, um veterano na ?guerra pela floresta?, lembra que há 30 anos começou a falar em prevenção e planeamento, sentindo-se «pregar no deserto». «Hoje digo as mesmas coisas», sublinha, apelando a uma mobilização geral, dos políticos, dos proprietários, da população em geral, no sentido de uma discussão e participação construtiva em torno da floresta.«É uma discussão que nos envolve a todos, todos temos de fazer alguma coisa», refere e lembra que «esta força da natureza» também faz ?vítimas? em territórios e países dotados com bastantes mais meios e planeamento, com acontece em França, Estados Unidos, Austrália e Estados Unidos.«Devemos assumir uma perspectiva construtiva e solidária», remata, contrariando tendências «desestabilizadoras» que, por vezes, «usam os fogos como arma de arremesso político-partidário». «Isto é um problema de todos e assim deve ser considerado», remata o também presidente da Distrital do PSD de Coimbra. Os bombeiros permaneceram durante a noite no local, com o apoio de máquinas de ?arrasto?, para garantir o não reacendimento das chamas. |
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quinta-feira, julho 29, 2004
Inferno em Poiares
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