Com Portugal ainda a arder, e o novo Governo a mostrar algum autismo de salão perante a dimensão da catástrofe que se abate sobre o País.
Com os autarcas das áreas atingidas a fazer o seu papel sazonal de virgens ofendidas ? como se também sobre eles não recaíssem pesadas responsabilidades. Falemos de cidadania.
A reacção das pessoas hoje tende para a passividade onde antes se manifestava uma atitude solidária e proactiva. Perante os incêndios, agora, tudo repousa na capacidade de resposta das autoridades. As gentes só se mobilizam quando o incêndio põe em risco os seus próprios interesses. Ainda há poucas décadas, as aldeias mobilizavam-se para combater o fogo que rondava qualquer aldeia vizinha. Assegurava-se assim a reciprocidade.
Todos vamos perdendo os valores da boa vizinhança e é assim no campo como na cidade. Entregamo-nos nas mãos do Estado, seja para combater incêndios, prevenir crimes, matar a fome. Ninguém quer incómodos. Que o digam os muitos que terão visto uma adolescente morrer atropelada, em pleno meio-dia, na rua principal do Laranjeiro. Não estão para se maçar contando o que viram, apesar dos apelos doridos da mãe da vítima.
No fogo, na aflição, ou na dor, voltamos costas. E este é um novo inferno.
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