sexta-feira, dezembro 17, 2004

METRO LIGEIRO DE SUPERFÍCIE - Governo excluiu troço ferroviário Lousã-Serpins

METRO LIGEIRO DE SUPERFÍCIE - Governo excluiu troço ferroviário Lousã-Serpins


A exclusão do troço ferroviário entre Lousã e Serpins foi ordenada pelo Governo, por entender que os autocarros servirão melhor a população, segundo a Metro Mondego.

O presidente da Metro Mondego afirmou ontem que a exclusão do troço ferroviário Lousã?Serpins do projecto do metro ligeiro de superfície foi determinada pelo Governo no passado mês de Novembro, mas a Câmara da Lousã sabia que existia essa possibilidade desde 2003. Segundo José Mariz, esta questão já tinha sido discutida pelo menos uma vez numa reunião da Metro Mondego realizada no ano passado, em Março, num encontro em que participaram todos os accionistas da empresa, que na altura era ainda era presidida pelo socialista Armando Pereira. O responsável da Metro Mondego admitiu também o presidente da Câmara da Lousã, Fernando Carvalho, sempre contestou um eventual fecho do troço ferroviário entre Lousã e Serpins.
Ontem, na conferência de imprensa destinada a esclarecer o processo de instalação do metropolitano em Coimbra e no ramal da Lousã e a fazer um balanço do trabalho da actual administração, José Mariz afirmou que a Metro Mondego recebeu oficialmente há cerca de um mês uma informação da tutela, que determinava de ?forma explícita e mandatória? a exclusão dos cerca de seis quilómetros entre a Lousã e Serpins do troço ferroviário do metropolitano de superfície.
Esta informação foi de imediato dada a conhecer em reuniões com a Junta de Freguesia de Serpins e a Câmara da Lousã, ambas lideradas pelo PS, mas a solução proposta ? o desenvolvimento de um sistema rodoviário complementar, utilizável com o mesmo bilhete e o mesmo preço ? foi mais uma vez rejeitada pelos autarcas.
O projecto que será objecto do concurso público internacional do metropolitano, um investimento de cerca de 257 milhões de euros, inclui a instalação do eléctrico rápido de superfície entre Coimbra, Miranda do Corvo e Lousã, e um sistema rodoviário integrado no troço entre Lousã e Serpins, disse José Mariz. O mesmo sistema rodoviário, acrescentou, será usado na ligação do metro à periferia de Coimbra, acrescentou, adiantando que continua em estudo a possibilidade de o traçado urbano do metro ser alargado à Solum e zona norte da cidade (Adémia, Fornos), bem como ser estendido a sul (Antanhol, Condeixa) e à margem esquerda, entre Taveiro e Ribeira de Frades, como ligação ao comboio de alta velocidade.

Autocarro é solução socialmente mais favorável

A administração da Metro Mondego defendeu ontem que a solução rodoviária entre Lousã e Serpins, como complemento do metro, servirá melhor as populações que utilizam a estação de Serpins, para onde se deslocam sobretudo de táxi.
A decisão do Governo, sustentou José Mariz, foi ditada por razões de racionalidade económica, mas também por esta solução ser socialmente mais favorável e a que servirá muito bem e respeitará os interesses das populações.
Por um lado, sustentou o administrador Guilherme Carreira, a inclusão do troço rodoviário entre Lousã e Serpins, em substituição da ferrovia, torna o projecto mais atraente para os concorrentes, ao reduzir os custos de instalação de 10 milhões de euros para 350 mil euros.
Por outro lado, sublinhou, os cerca de seis quilómetros do actual troço ferroviário passam no meio da serra, em zona protegida, onde não existem casas nem povoações. Em contrapartida, as carreiras de autocarro servirão todas as freguesias da Lousã, quase num porta?a?porta, salientou, ao apresentar o esboço do percurso (ver imagem).
Citando dados de 2001, fornecidos pela CP, o responsável disse que o máximo de pessoas que utilizaram diariamente o comboio, entre Lousã e Serpins, oscilou entre 263 e 429, consoante os sentidos.

Metro Mondego quer concurso público

O presidente da Metro Mondego, José Mariz, afirmou ontem que o concurso público do metropolitano ligeiro de superfície poderá ser lançado ainda pelo actual governo de gestão. José Mariz ? que deixou transparecer que esta é a sua preferência e a dos outros dois membros executivos do conselho de administração, Guilherme Carreira e João Casaleiro ? sustentou a sua posição em pareceres de jurisconsultos da Universidade de Coimbra.
O secretário de Estado dos Transportes e Comunicações, Jorge Borrego, admitiu esta semana, em Coimbra, em declarações ao DIÁRIO AS BEIRAS, que tinha dúvidas sobre a legitimidade de um executivo de gestão para avançar com o concurso.
Escusando?se a comentar as declarações do governante, José Mariz notou apenas que na fase actual o processo não necessita de aprovação do Conselho de Ministros e que a abertura do concurso é um acto administrativo?, que exige apenas de um despacho conjunto dos secretários de Estado dos Transportes e Comunicações e do Tesouro e das Finanças, Luís Morais Leitão.
A 30 de Novembro, a Metro Mondego entregou ao Governo todos os documentos necessários ao lançamento do concurso do metro, no âmbito do sistema de parcerias público?privado, e o diploma relativo às bases de concessão também já foi publicado, na última quarta?feira, em Diário da República. Estamos em posição de lançar o concurso, aguardamos um sinal da tutela, que estamos convencidos que vai aparecer, sublinhou José Mariz.
Também na passada terça?feira, em reunião do conselho de administração da Metro Mondego - que inclui ainda os social?democratas João Rebelo e Carlos Ferreira, em representação das câmaras de Coimbra e de Miranda do Corvo, respectivamente, e Manuel Parola Gonçalves, pela Lousã, como administradores sem funções executivas - foi dada luz verde ao lançamento do concurso público, com o voto contra da Câmara da Lousã, referiu José Mariz, membro da Assembleia Municipal de Coimbra, eleito pelo CDS?PP.
Fernando Carvalho, presidente da Câmara da Lousã, a única de maioria socialista dos três municípios que integram o capital social da empresa, que tem ainda como accionistas a REFER, a CP e o Estado, já anunciou que pretende impugnar o concurso público em tribunal, caso o Estado mantenha a exclusão do troço ferroviário Lousã?Serpins.
José Mariz contrariou ontem a opinião de Fernando Carvalho e do PS de Coimbra de que, sem unanimidade na aprovação dos documentos para abertura do concurso este não poderia produzir efeitos. No entanto, realçou ontem José Mariz, segundo os estatutos da empresa, a aprovação do lançamento do concurso exige apenas os votos favoráveis da maioria dos membros do conselho de administração, pelo que é válida mesmo com o voto contra da Câmara da Lousã.

Nenhum comentário: