sexta-feira, dezembro 03, 2004

Novo aeródromo arranca em Poiares na freguesia das Lavegadas


Deverá custar mais de meio milhão de contos e afirma-se como um pólo fundamental em termos de estratégia de combate aos fogos florestais e protecção a floresta. Falamos no aeródromo municipal que vai ser construído na serra do Vidoeiro, na freguesia das Lavegadas em Vila Nova de Poiares. Uma infra- -estrutura que também poderá potenciar o desenvolvimento turístico da região e que deverá estar completamente operacional dentro de dois anos

O Conselho de Ministros, reunido ontem, ratificou a suspensão parcial do Plano Director Municipal de Vila Nova de Poiares, tendo como objectivo "possibilitar a construção de um aeródromo municipal na serra do Vidoeiro, freguesia de Lavegadas". Em causa está uma estrutura que, ainda de acordo com os termos da resolução do Conselho de Ministros, contribuirá para melhorar as condições de operacionalidade perante as actuais exigências técnicas e logísticas dos meios aéreos envolvidos nos combates a incêndios florestais. O novo aeródromo beneficiará da centralidade relativamente aos concelhos mais fustigados pelos referidos incêndios na zona litoral centro do País, bem como da proximidade das albufeiras da Aguieira e das Fronhas, sublinha o documento.
Visivelmente satisfeito com a resolução do Conselho de Ministros ficou o presidente da Câmara Municipal de Vila Nova de Poiares. Jaime Soares, que também é comandante dos Bombeiros locais e responsável da Federação Distrital dos Bombeiros de Coimbra tem, de resto, desde há décadas defendido uma estratégia de prevenção de fogos e protecção da floresta. Este aeródromo é, afirma, uma peça fundamental nessa mesma estratégia que, em seu entender, finalmente começou a ser colocada em prática em todo o território nacional.
Temos um concelho pequeno, mas com uma grande área florestal e estamos colocados numa posição estratégica, afirma Jaime Marta Soares relativamente a toda uma vasta mancha florestal que abraça as serras do Açor, da Lousã, do Buçaco, e do Carvalho, para já não falar em zonas mais distantes, como as serras da Estrela do Caramulo e a serra de Oleiros. Esta localização privilegiada ganha mais consistência relativamente à localização de um aeródromo tendo em conta a proximidade, quase vizinhança, da barragem da Aguieira, uma das maiores, senão mesmo a maior albufeira do país, sublinha Jaime Soares. Significa, de acordo com o autarca de Vila Nova de Poiares, que os aviões utilizados no combate a incêndios, levantam voo e têm na sua linha de vista a albufeira em questão, onde irão encher os tanques com a água necessária para apagar fogos.
Duas razões de força que estiveram na base do projecto, elaborado pela autarquia poiarense, que está mais do que empenhada na sua concretização. O edil sublinha a celeridade e maior eficácia relativamente à intervenção dos meios aéreos no combate a incêndios com os Cannadair´s a partirem das Lavegadas em vez de viajarem do aeródromo de Seia, como acontece actualmente.

Motor de desenvolvimento turístico

Independentemente do valor estratégico fundamental em termos de protecção da floresta e combate a incêndios, Jaime Soares destaca o papel que esta infra-estrutura pode desempenhar em prol do desenvolvimento turístico da região. Isto porque em causa está a maior pista do distrito, afirma, apontando para uma pista com 1.800 metros, contra os 900 da pista de Cernache (Coimbra) e os 750 do aeródromo da Lousã. Esta nova pista, que poderá ir até aos 2000 metros, pode permitir a utilização por voos charter, pequenos aviões com capacidade para transportar 20 ou 30 pessoas, o que, no entender do autarca de Poiares, poderá ser um investimento importante em termos de dinâmica turística e desenvolvimento das potencialidades da região, funcionando como uma plataforma que actualmente não existe na região. As boas acessibilidades são, também, um ingrediente importante, que Soares sublinha, seja relativamente à utilização turística seja no que concerne à prevenção de incêndios e protecção da floresta.
Por outro lado, e dado que este aeródromo vai ser construído numa zona amplamente florestal, onde não há proximidade de construções ? contrariamente ao que acontece em Cernache e na Lousã - o autarca de Poiares encara de forma positiva a possibilidade de ali ser, também, no futuro, criada uma estrutura de apoio em termos de prevenção e ordenamento da floresta.

Projecto arrojado

O projecto, que agora teve luz verde, com a aprovação da ratificação do Plano Director Municipal por parte do Conselho de Ministros, é considerado arrojado pelo próprio presidente da autarquia de Vila Nova de Poiares e seu principal mentor. Sempre acreditámos que iria ser aprovado e é bom saber que as nossas propostas são reconhecidas pela tutela», afirma Soares.
O aeródromo, que vai nascer na serra do Vidoeiro, deverá ultrapassar o meio milhão de contos, estima Soares, que espera conseguir reunir alguns apoios comunitários para a sua concretização. Em causa está uma pista principal com 1.800 metros, torre de controlo e toda uma vasta zona de apoio. Esta região vai ganhar muito com este projecto, afiança o presidente da Câmara de Poiares.
A desmatação, primeiro passo para a implementação do aeródromo, já está a ser feita, afirma Soares, sublinhando que todo o material lenhoso já foi retirado e está a proceder-se à desmatação e limpeza dos terrenos. Terminada esta fase avança a construção. Lá para o final do próximo já será possível alguma utilização, adianta Soares, muito embora sublinhe que as obras só deverão estar concluídas e a estrutura em perfeito funcionamento dentro de dois anos.

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