A riqueza de um povo passa indubitavelmente pela sua cultura, quer seja esta erudita ou popular, quer seja esta restrita a uma minoria, supostamente instruída, ou consumida pelas massas populares.
Aliás, não se percebe muito bem os estereótipos que actualmente se criaram sobre o que é culturalmente aceitável ou, pelo contrário, o que é culturalmente reprovável.
Esta é, certamente, uma das principais razões que faz com que muitos dos equipamentos e infra-estruturas, vocacionadas e criadas para o "consumo de cultura" se encontrem hoje, literalmente, às moscas.
Estereótipos dessa natureza condicionam as ofertas, limitam as escolhas e afastam os cidadãos deste género de actividades de consumo, pois ao contrário do que se possa pensar a cultura é também um produto de consumo.
Por norma o primeiro a ser cortado da lista de prioridades dos cidadãos, quando a situação económica não é favorável, como é lógico e compreensível.
Não é por acaso que o senso comum diz, sem qualquer pejo, que as actividades relacionadas com a cultura dão prejuízo, não é por acaso que se atribui a grandes mecenas o papel de dinamizar actividades culturais, porque aos restantes cidadãos tal é limitado pela própria condição económica.
Na nossa região se fizermos uma análise detalhada da funcionalidade das salas, ou melhor das supostas salas, vocacionadas para eventos culturais, reparamos com muita facilidade ao que estas se reduziram.
Hoje, coloca-se ainda e de forma bastante clara a questão "de que modo se poderá garantir o acesso a actividades culturais, sem que estas representem um encargo demasiado expressivo nos orçamentos das autarquias"?
A resposta consiste na definição de ofertas conjuntas no campo cultural, partilhando espaços e recursos, quer sejam estes humanos quer sejam materiais.
É necessário ainda, que organização de eventos sejam comuns e transversais a vários Municípios, de modo a que seja possível e viável atrair a mais variada oferta cultural, capaz de satisfazer todos os estratos da população.
Não podemos esquecer na nossa memória colectiva, que grandes vultos da cultura nacional passaram por esta região, alguns deles por cá se radicaram e deixaram valioso espólio, outros partiram.
4 comentários:
O(s) autor(es) deste blog, desconhecem a pontuação, que indica as "citações"?
Fica sempre bem indicar a fonte, ok?!
M.A.
Carta de mãe Alentejana:
Mê querido filho,
Ponho-te estas poucas linhas para saberes que estou viva.
Escrevo devagar por que sei que não gostas de ler depressa.
Se receberes esta carta, é porque chegou. Se ela não chegar, avisa-me que eu mando-te outra.
Tê pai leu no jornal que a maioria dos acidentes ocorrem a 1 km de casa.
Assim, mudámo-nos para mais longe.
Sobre o casaco que querias, o tê tio disse que seria muito caro mandar-to pelo correio por causa dos botões de ferro que pesam muito.
Assim, arranquei os botões e coloquei-os no bolso. Quando chegar aí, prega-os de novo.
No outro dia, houve uma explosão na botija de gás aqui na cozinha. O pai e eu fomos atirados pelo ar e caímos fora de casa. Que emoção: foi a primeira vez em muitos anos que tê pai e eu saímos juntos.
Sobre o nosso cão, o Joli, anteontem foi tropelado e tiveram de lhe cortar o rabo, por isso toma cuidado quando atravessares a rua.
Na semana passada, o médico veio visitar-me e colocou na minha boca um tubo de vidro. Disse para ficar com ele por duas horas sem falar. O teu pai ofereceu-se para comprar o tubo ao médico.
Tua irmã Maria vai ser mãe, mas ainda não sabemos se é menino ou menina, portanto não sei se vais ser tio ou tia.
O teu irmão António deu-me muito trabalho hoje. Fechou o carro e deixou as chaves lá dentro. Tive que ir a casa pegar a suplente para o abrir. Por
sorte, cheguei antes de começar a chover, pois a capota estava em baixo.
Se vires a Dona Esmeralda, diz-lhe que mando lembranças. Se não a vires, não digas nada.
Tua Mãe
"A propósito de Biblioteca" aqui na nossa quinta "a tal do pinhal interior"... Um espaço entre o "rio mondego e o ceira", até lhe chamam vila nova de poiares, já inauguraram três bibliotecas. A primeira num espaço na cave da "cambra". Ospois a "cambra" comprou a adega do camilo e fez mais uma inaguração. De seguida a "cambra" construiu a casa da cultura, sabem o que é? Eu "espliko"... É um edifício mal injorcado que depois foi vendido às finanças, à CGD à conservatória e até lá tem também aquele espaço chamado de "Assembleia munichipal". Sabem o que é? É adonde os "munichipes" dizem o que o patrão manda. Até lá tem um médico, formado no vinte e chinco de abril, que está à espera que o barbas morra, para lhe tirar o lugar. Agora anda a mesma "cambra" ou "cambada" a tirar os Bombeiros para a rua e inaugurar mais uma biblioteca, para a gente cada vez ficar mais burra. Mas agente que somos de "raça" cada vez gostamos mais. É um gosto ver Deolindas,as de trás da cherra, as "es"carritos da frente da cherra, os "mèdiocres cabreiros" a dizer... cheguem-lhes, eles não "precebem" nada de política. Nós é que mandamos e mais nada!... Porquê? Os livros estão escondidos. Não interessa nada que o "povo" leia, senão "eles" o tal povo ultrapassa-nos e nós ficamos mal vistos.
Chinhores: esqueci-me de dizer que sou "lá de chima" e que não tenho as quatro classes, por icho é capaz de "aver" muito erros faltas, mas cumo não aprendi nada neste quintal, sujeito-me a que me chamem de "pouco" intiligente, embora tamém andasse na escola dos advogados da figueira da foz, e tirasse o mesmo curso do "mais barbas" aí do tal pinhal.
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