sábado, fevereiro 14, 2004

O amor não é uma obrigação............

Cerca de 40 pessoas estiveram presentes em jantar anti-Dia de S. Valentim

Há quem não tenha namorado e se sinta “posto de parte” no Dia de S. Valentim. Há, também, quem recuse deixar-se levar pelos “apelos comerciais” de uma data que deve ser celebrada todos os dias. Em Coimbra, um jantar anti-Dia de S. Valentim juntou cerca de 40 pessoas. Todos solteiros...e disponíveis para amar.

Não foi um jantar para “encalhados”. Aliás, a discussão entre os dois organizadores do jantar anti-Dia de S. Valentim é digna de ser registada. O rapaz, Bruno Leitão, rejeitou desde logo a ideia de ele próprio ser “encalhado” porque “quem encalha, encalha porque é obrigado a tal”. Ela, Margarida Dinis, e apologista do léxico, respondeu: “Mas o barco, por exemplo, não encalha à força!”. A verdade, porém, é que “um barco que encalha não pode prosseguir viagem...”, disse o rapaz. Ora, aqui está a essência de tudo. Para Bruno Leitão, o amor é isso mesmo. Prosseguir viagem para outros destinos. Mesmo quando as coisas não correm como estavam previstas. Mesmo que o mar revolto faça desistir da viagem. Há sempre outras rotas...
A iniciativa surgiu em 2002 e já vai na terceira edição cada vez com mais participantes. Este ano, o jantar anti-Dia de S. Valentim, que decorreu na Casa da Louzan, contou com cerca de 40 pessoas. “O jantar nasceu com um pequeno grupo de amigos, tendo aumentado todos os anos o número de participantes, através da difusão por Internet”, explicou o organizador. A ideia, segundo Bruno Leitão, “é reunir um grupo divertido de pessoas descomprometidas, comer, beber, e acima de tudo caricaturar o famoso Dia dos Namorados”. E tem sido um sucesso, tanto que as pessoas que aderem ao evento são oriundas de vários pontos do país.
“Quer queiram quer não, um dos objectivos deste jantar é também conhecer pessoas novas e... quem sabe, até pode surgir o amor”, confidenciou Margarida Dinis. Aliás, no ano passado, três relações nasceram do jantar anti-Dia de S. Valentim.
À semelhança da segunda edição, 25 por cento do valor do jantar reverte a favor de uma instituição de solidariedade. Este ano, será contemplado um grupo de crianças da Santa Casa da Misericórdia de Aveiro que não tem actividades lúdicas há dois anos. “Este é o nosso gesto de amor no Dia dos Namorados”.
Durante o jantar anti-Dia de S. Valentim realizaram-se vários jogos e houve muita animação e uma boa pitada de ousadia. Depois dos primeiros pratos, a alegria continuou noite dentro em alguns bares da cidade. Talvez o Cupido tenha lançado, inadvertidamente, uma ou outra seta...
Mesmo assim, a iniciativa promete continuar. Porque, como referiu Bruno Leitão, “o Dia dos Namorados é essencialmente comercial. As pessoas sentem-se obrigadas a mostrar às outras o que sentem através de prendas e de jantares... E o amor não deve ser obrigação”. Pois não...



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