terça-feira, maio 08, 2007

Jaime Soares - Entrevistado pelo Diario de Coimbra

Autarca sente-se perseguido e discriminado Presidente da Câmara de Vila Nova de Poiares há 33 anos, Jaime Soares não está cansado da vida autárquica. Bem pelo contrário, mantém viva e acesa a chama da paixão pela sua terra. Todavia, reconhece o desgaste que daí advém, sobretudo motivado pela «perseguição» que lhe movem «alguns indivíduos», ligados ao PS, que «querem a minha destruição pessoal». Outra frente de batalha vive-a com o Governo, que acusa de «autista» e «sectário»
Diário de Coimbra (DC) – O que é que ao fim de mais de 30 anos à frente da Câmara de de Poiares continua a mobilizar Jaime Soares?
Jaime Soares (JS) - O que me mobiliza é a paixão que se continua a manter tão forte como em 1974. Sei que estou a pagar um tributo muito caro, porque estou há muitos anos num cargo que muita gente quer ocupar. A oposição não tem tido alternativas e os poiarenses assim o quiseram, pela confiança que têm comigo, pela empatia que fomos criando, pois não há quem consiga estar tantos anos no poder se não tiver uma aproximação grande com a população. Um presidente de câmara é um gestor da coisa pública a prazo e se não fosse essa confiança e amizade, teria já saído há muito tempo. Com certeza que isto também está acompanhado de respostas às ambições das populações, em relação ao crescimento e desenvolvimento da sua terra. Nasci aqui, fui aqui criado, julgo que tenho o espírito da raça poiarense e soube interpretar os seus sentimentos e paixões. Fruto disto, tenho uma vivência de autêntico sacerdócio, a lutar pela minha terra. E isso é um tributo bastante caro, mas a paixão é forte e continua, apesar do que me tem vindo a suceder….
DC – Refere-se às críticas da oposição?
JS – A oposição socialista de Poiares cria uma ambiência na discussão política, não em relação à gestão, mas ao homem, Jaime Soares. Não tenho dúvidas que alguns indivíduos queriam a minha destruição pessoal, porque tenho vindo a tapar-lhes o caminho para dirigirem os destinos de Poiares. Mas não acredito que na Câmara entre uma pessoa que não tenha um perfil e características adequadas à vontade dos poiarenses. Defino, com as pessoas que estão comigo, uma estratégia na qual todos participam e dão o seu agrement. Claro que tem lidera tem sempre a possibilidade de, em última instância, decidir, e mal de um autarca, que não tenha essas convicções. Criámos uma forma de estar na governação autárquica vivida democraticamente, com respeito pela oposição. Mas em determinados momentos é dramático, é um tributo muito caro, tenho recebido os maiores enxovalhos. Basta ver alguns blogues.
DC – Que análise faz?
JS - Há num blogue um diálogo onde dois indivíduos dizem: “o indivíduo quando morrer vai ter um grande funeral, vai levar as bandeiras todas, mas quero estar lá para ver se ele está mesmo morto”. Isto é bem demonstrativo da índole de alguns indivíduos. Sentimentos reais em quatro indivíduos que vivem em Poiares, cuja grande satisfação era verem-me destruído como homem. A razão do seu ódio prende-se com o facto de não lhes ter sustentado atitudes que prejudicariam o erário público e a população, para criar possibilidades do seu enriquecimento à custa de benesses da Câmara. Essa é a minha grande satisfação. Prefiro tê-los como inimigo, mas ter a consciência que faço uma gestão dirigida aos poiarenses. Por aqui se vê a situação que se vive. Não é uma questão do erro de políticas. São os mensageiros da desgraça, do enxovalho e insultos. Só as vezes que vou a tribunal! Há um senhor, que foi duas vezes comigo às urnas, que já fez mais de 500 folhas de queixas para a IGAT, IGF, Tribunal de Contas, tribunais, Associação Nacional de Municípios.
DC –Trata-se de perseguição
JS - São mais de 500 folhas! Queixas infundadas de tudo quanto há, perseguição a tudo, onde tudo é medido, analisado, reanalisado. Felizmente, ao longo destes 30 anos, nunca fui condenado. Ou os processos foram arquivados ou fui absolvido. Mas isto é dramático!
DC – Sobretudo desgastante…
JS – Muito desgastante. Viver sempre nesta pressão, só mesmo um homem com uma grande paixão. Continuo a ter vontade de trabalhar e de fazer, talvez até mais, porque a experiência permite-me desenvolver outras estratégias e pode dizer-se que Poiares hoje continua com um ritmo vivo de desenvolvimento. DC - E o que falta fazer?JS - Já fizemos muita coisa, mas falta fazer muito. E garanto que, mesmo que a população duplique nos próximos 20 anos, algumas infra-estruturas têm capacidade de resposta.DC – O quartel dos Bombeiros é uma das obras de vulto e promete ser um dos melhores da região.JS – Não tenho dúvidas. No passado, os quartéis assumiram uma componente social e cultural. Era entendível, pois não havia praticamente nada nas terras e o quartel era quase um centro cívico…
DC – Uma filosofia plenamente aplicada em Poiares.
JS – Era o centro cívico, com teatro, cinema, etc. também era uma forma de captar fundos para a sobrevivência dos bombeiros. Hoje o funcionamento e a administração dos bombeiros é e tem de ser diferente. A aposta é na estrutura operacional. Pode vir a ser um quartel central em termos estratégicos, que fica com um espaço subjacente, de cerca de 10 mil metros quadrados, onde pode ter heliporto e todo um conjunto de funcionalidades que podem ter um aproveitamento supra municipal.
DC – O actual quartel vai transformar-se em centro cultural…
JS – Vai ser o ex-libris de Poiares. Quero deixar uma palavra de agradecimento aos bombeiros, que entenderam que era melhor para os bombeiros e que Poiares ganha muito mais com a adaptação do quartel a biblioteca, centro cultural, teatro, museu, salão de festas, escola de música, de teatro, uma infra-estrutura que vai marcar Poiares por muitas gerações.
DC – Em termos de empreitadas, há também o alargamento da zona industrial. Poiares é um concelho atractivo para os investidores?
JS – É, só que sofre de um problema gravíssimo: as vias de comunicação. A estrada da Beira é o eixo fundamental para chegar a Poiares, Lousã, Miranda do Corvo e às vezes não entendo o silêncio dos meus colegas. Há dias vi inaugurações de pompa na Lousã e fico feliz por isso…
DC – E um conjunto de anúncios por parte do secretário de Estado. Qual é a sua análise?
JS – É pena que esses anúncios sejam só de uma cor. Andamos há meses a pedir uma audiência ao secretário de Estado das Obras Públicas, à ministra da Educação, à ministra da Cultura, para resolvermos problemas importantes e não há uma audiência marcada, nem sequer dão uma resposta. Isto é escandaloso. Nunca depois do 25 de Abril senti uma situação destas, eu e os meus colegas, nomeadamente das áreas que não pertencem ao partido do Governo. Isto é politicamente desonesto, porque um governante tem a responsabilidade de governar para todos os portugueses, sejam ou não da sua cor política.
DC – Sente-se discriminado?
JS – Completamente discriminado! Esta governação socialista discrimina os autarcas do PSD, discrimina Poiares. Não tenho inveja do que os outros municípios têm. Mas é injusto que se criem portugueses de primeira e portugueses de terceira, ou lousanenses de primeira e poiarenses de terceira. Não quero abrir e não abro um conflito com o presidente da Câmara da Lousã ou outro município que esteja a beneficiar desta dualidade de critérios. É mais um grito de revolta de alguém que sente que não pode dar às suas populações aquilo a que têm direito por causa de uma governação autista, sectária, que não é permitida em democracia
DC – Voltando a questão das acessibilidades…
JS – Há muito tempo que está previsto o arranque da ligação da Lousã à Estrada da Beira. São boas variantes, mas chegam à Estrada da Beira e entram num funil. Vale a pena gastar dinheiro para fazer isso? A ponte Rainha Santa Isabel é uma maravilha, mas com aquele dinheiro teriam sido feitas 10 pontes em Coimbra e uma Estrada da Beira que efectivamente servisse Miranda do Corvo, Lousã, Poiares, Góis e criaria uma aureola de desenvolvimento à volta de Coimbra. A Estrada da Beira é uma situação crítica, a loucura das marcações horizontais e verticais, que são um atentado à dignidade humana e uma inequívoca demonstração da incapacidade técnica deste país. Havia alternativas. A Câmara de Poiares apresentou um projecto, avaliado como bom, onde era possível em 8,9 quilómetros entre Poiares e Coimbra, num sentido e noutro, ficarem zonas para lentos e de ultrapassagem e nada disso se fez. É uma vergonha pela qual responsabilizo todos quantos a ela estiveram ligados.
DC – E a ligação ao IP3?
JS – A ligação a Penacova, ao IP3, é um drama. Estamos com um projecto há 20 anos. Quando um instituto aprova outro desaprova, está aprovado o traçado, querem-se alterações, depois um estudo geológico, um estudo sísmico. São situações dramáticas, suficientes para se desistir se não fosse a vontade de fazer pela sua terra e pela sua região. Esta via vai beneficiar Lousã, Miranda, pois passaria por aqui a ligação ao IP3. E temos de continuar. Se não se consegue transformar o IP3 em auto-estrada até Viseu, devemos transformá-lo onde for possível, nomeadamente entre Trouxemil e Penacova, para absorver o trânsito que deriva para Norte, de Góis, Pampilhosa, Arganil, Lousã, Miranda do Corvo. Pode ser o ponto de entrada no Pinhal Interior Norte, fazendo-se ali uma grande plataforma de divisão do tráfego.

António Miguel, vereador do PS
“Quero, posso e mando”António Miguel faz uma análise negativa da gestão do executivo. O vereador socialista, que andou «nos bancos da escola» com o presidente da autarquia, lamenta a «prepotência» e «arrogância» de Jaime Soares. «É uma gestão do posso, quero e mando», onde «não há lugar ao diálogo». «Lamento que assim seja, porque o presidente podia usar os meus conhecimentos e não tenho quaisquer problemas em colaborar com o PSD para beneficiar o meu concelho», afirma Miguel.O vereador eleito pelo PS enfatiza a ausência de diálogo, de colaboração e «quando apresentamos qualquer proposta a resposta é taxativa: “a Câmara tem planos e sabe muito bem o que deve fazer”. Contra isto não há nada a fazer, quase dá vontade de virar costas, mas estou aqui por uma causa que entendo ser justa», diz.Afirmando que não tem nada de pessoal contra Jaime Soares, António Miguel sente-se, insultado pelo presidente da Câmara, que acusa de lhe chamar «pedante» e de ter posto em causa a sua capacidade de gestão nas empresas onde passou. «É lamentável que a arrogância comande e não haja espírito de colaboração».O vereador socialista critica ainda a gestão de Soares, considerando que «não há um plano de investimentos», o «concelho fica hipotecado». Miguel elogia o investimento privado, mas aponta um conjunto de falhas à autarquia, nomeadamente no sector do saneamento, «que não temos», e na falta de uma ETAR. Refere ainda «ilegalidades» na relação com a oposição, relativamente às quais pediu a intervenção do Ministério Público.

10 comentários:

Anônimo disse...

Jaime Soares ja se considera cansado e aguarda passar a pasta o mais rapidamente possivel.
O problema é que não criou ninguem que o queira seguir e substituir. É um problema identico ao de João Jardim na Madeira.Acabam por estragar tudo o que fizeram de bom. Isto é normal nas pessoas assim que não sabem gerir tempos e timings.

Anônimo disse...

Jaime Soares sempre desancou (nos) e desmereceu dos seus antecessores na Presidência da Câmara, afirmando-se como homem providencial a quem tudo se deve.
Fez muito, é verdade.
Tinha obrigação para isso, porque teve fundos de várias procedências.
Mas agora não se pode queixar de que outros também digam mal dele - ensinou-lhes a "má língua".
Quem com ferros mata .....
Aguarda-se uma nova geração de Poiarenses com espírito de servir a sua terra, de ser justos para os anteriores e com vontade de consolidar, desenvolver e engrandecer o que foi feito ao longo de décadas.
O passado honra-se construindo o futuro.

Anônimo disse...

Desculpem a pergunta, mas não há nada com mais interesse do que o Jaime Soares para noticiar em Poiares?

????????????????



M.A.

Anônimo disse...

Os tais do PS que ele diz que lhe criam problemas pessoais, nunca andaram atraz dele a charmar-lhe filho desta e daquela, como ela lhes faz. Os que não comungam nas suas ideias, são penalizados, não só pessoalmente mas também pelo poder que ele exerce. Ou seja: Se fizer o que ele manda, é atendido, se não fizer, não lhe é concedido aquilo a que tem direito. Veja-se as licenças de utilização, os chamados alvarás, só são concedidos aquem não disser mal dele. Depois atira-lhe com a ASAE para cima e fecha-lhes os estabelecimentos. A isto chama-se democracia?

Anônimo disse...

Ca ganda burro. Ele que sempre entravou as alternativas à estrada da Beira e agora continua a entravar a ligação ao IP 3, ainda se lamenta. Puseram-lhe os ocúlos e ele só olha para a frente como os que os acompanham. Os burros.

Anônimo disse...

“o indivíduo quando morrer vai ter um grande funeral, vai levar as bandeiras todas, mas quero estar lá para ver se ele está mesmo morto”. Isto é bem demonstrativo da índole de alguns indivíduos. Sentimentos reais em quatro indivíduos que vivem em Poiares, cuja grande satisfação era verem-me destruído como homem".
Isto são palavras que ele próprio dirige a ele, ninguém tem tal pensamento sequer.
Ele baralha e volta a dar, e depois atira para os outros aquilo que deseja aos que não comungam com ele.

Anônimo disse...

A B S O L V I D O !
Viva a justiça de Portugal!
Porque a de Castela porra para ela!!!!!!!

Anônimo disse...

Infelizmente é o que temos!
Mas estou confiante e como diz o velho ditado: "aqui se fazem, aqui se pagam"!
Tenhamos paciência porque, mais um velho ditado, "água mole em pedra dura tanto bate até que fura".
Acredito na nossa Justiça tarda é certo, mas não falha.

Anônimo disse...

Parece que esta a ser criada a noite das facas longas.
Agora arma-se em vitima.E ate chora.Que descaramento.Anda mesmo doente e velho.

Anônimo disse...

Parece que o blog é o
http://a-tasca.blogspot.com/2005_03_01_archive.html , onde se encontra a celebre frase “o indivíduo quando morrer vai ter um grande funeral, vai levar as bandeiras todas, mas quero estar lá para ver se ele está mesmo morto”.
Isto foi em 2005 e quando se levantou de madrugada para ir atender um acidente de amigos. Mandou vir com o INEM e segundo a "tasca" mandou desencarcerar o pessoal todo dos carros em 10 minutos. Nisso a "tasca" vai mais longe e chama-o de assassino.
Essa é que é forte.
Não são as obras la em casa, nem os caçoilos da ADIP, nem o pessoal da ASAE nem as eleições. Foram os mortos e os estropiados do acidente em Vale de Vaz com o Subaru.