segunda-feira, agosto 29, 2005

Poiares quer central termoeléctrica


O presidente da Câmara Municipal de Poiares está empenhado no planeamento e ordenamento da floresta ardida no seu concelho. A solução apresentada por Jaime Soares passa pela criação de uma central termoeléctrica e por aquilo a que chama "expropriação urgente de mais valia".

As medidas que o autarca de Poiares pretende dar a conhecer e discutir com o Governo visam contrariar tudo o que tem acontecido (os fogos florestais), apostando-se num melhor planeamento e ordenamento da floresta. Para tal a aposta passaria, antes de mais, pela limpeza das matas que já arderam, rentabilizando os produtos das matas ardidas numa perspectiva de criação de um projecto inovador, moderno e com garantias.
Para Jaime Soares, a solução seria a instalação no seu concelho de uma central termoeléctrica. Ninguém vai ter capacidade de limpar as matas se não criarmos uma estrutura que aproveite imediatamente e no local o produto ardido ele acaba por apodrecer, justifica o edil, sublinhando que a criação de uma central para transformação dos produtos em biomassa e energia seria até uma forma de rentabilização económica.
Sabemos que há falta de energia, por isso temos de criar energias alternativas», afirma, sublinhando a necessidade de produzir este tipo de energia nos locais onde há a matéria prima.
Vila Nova de Poiares seria um desses locais, não só pela vasta mancha florestal ardida, mas também pela sua localização estratégica, perto de Coimbra, da Lousã, de Penacova, de Miranda e de toda a região. Defende, portanto, a criação de uma central termoeléctrica em Poiares e também na Pampilhosa da Serra por forma a abranger toda a região.
Da parte da Câmara Municipal há toda a disponibilidade para levar por diante todas as diligências inerentes a este processo, garante Soares, adiantando até que o Município porá à disposição do Governo todos os terrenos necessários para a concretização do projecto. Por outro lado, o autarca manifesta a disponibilidade da autarquia para entrar em sociedades que se criem para o efeito.
Em ofício enviado ao primeiro ministro, Jaime Soares solicita a marcação de reuniões com os ministros da Economia e Inovação e da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das Pescas para apresentação desta e de outras propostas.

Reflorestação através de associativismo florestal

As propostas de Jaime Soares vão também no sentido da reflorestação da área ardida. Uma reflorestação que passa pelo planeamento e ordenamento, diz Soares, cuja proposta vai no sentido da criação de uma floresta inovadora, moderna, rentável e resistente ao fogo, através de uma reflorestação com espécies como castanheiro, nogueira ou cerejeira.
A reflorestação que pretende passa por aquilo a que chama expropriação urgente de mais valia, ou seja, fazendo uma alteração à Lei vigente por forma a que os muitos proprietários em determinadas manchas florestais sejam obrigados ao emparcelamento, no sentido de integrar os espaços mais pequenos num todo.
No fundo, explica o autarca, trata-se de criar um espaço global para plantação das espécies indicadas e todos os proprietários receberiam percentagem igual dos rendimentos, funcionando em associativismo florestal.
Este plano de reflorestação implicaria necessariamente uma alteração à lei, já que, sublinha Soares, há sempre aqueles mais teimosos que não vão querer emparcelar.
No que concerne às manchas florestais municipais, Jaime Soares pôs já mãos à obra, estando a autarquia a cortar as matas municipais essencialmente eucaliptais e pinhais, para aí se plantarem espécies autóctones (castanheiro, nogueira, cerejeira) e pastorícia, zonas que se já existissem teriam travado o fogo», explica o presidente.
Aliás, adianta, foi este mesmo fogo que travou os trabalhos que vinham sendo desenvolvidos. O próximo passo nesta matéria passa pelo levantamento dos proprietários florestais do concelho para os ouvir, propor este plano de planeamento e ordenamento da floresta e ao mesmo tempo sensibilizá-los, adianta.
E porque há e vai haver sempre períodos de seca como aquele que se está a viver em Portugal, o autarca de Poiares defende também para o seu concelho a criação de açudes de retenção de água nos rios Ceira, Mondego e Alva, uma forma de ter água para rega, para ataque aos fogos e para tornar o ambiente mais húmido.
Queremos ser parte activa num processo que ajude não só as populações do concelho de Poiares, mas também daqueles outros concelhos nossos vizinhos que sofreram de igual forma o drama dos incêndios florestais, sublinha Jaime Soares, solicitando por isso o empenhamento pessoal do primeiro ministro José Sócrates.

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