quarta-feira, outubro 29, 2003

O Governo despreza o Distrito de Coimbra................

Enquanto Aveiro tem dois poderosos governantes, Coimbra tem um “um e meio”. A contabilidade é feita, para explicar por que é que o PIDDAC deste distrito é inferior ao do primeiro em 70%

O deputado Vítor Baptista, justificou ontem o “vergonhoso” Plano de Investimento e Despesas de Desenvolvimento da Administração Central (PIDDAC) para Coimbra com o défice de representação do distrito no executivo de Durão Barroso.
«O distrito de Coimbra está muito mal representado no Governo», afirmou Baptista, comparando-o com o de Aveiro, que tem no Governo Marques Mendes e Paulo Portas - cabeças de lista do PSD e do PP por este círculo eleitoral, nas últimas legislativas - e vai receber mais 121 milhões de euros de PIDDAC (mais 70,6%).
Em conferência de Imprensa para analisar o Orçamento de Estado e o PIDDAC de 2004, o deputado Fausto Correia recorreu à ironia ao falar da representação do seu distrito no Governo: “Coimbra tem um governante e meio”, afirmou, considerando, implicitamente, que o secretário de Estado da Administração Interna, Luís Pais de Sousa, conta como uma unidade, e o secretário de Estado do Trabalho, Luís Pais Antunes, como meia, por não ter residência no distrito.
O PIDDAC de 2004 acentua, de facto, um ciclo de desinvestimento em Coimbra iniciado este ano.
Como frisou Baptista, entre 1995 e 2002, o PIDDAC para o distrito veio sempre a aumentar, chegando, no ano passado, aos 218 milhões de euros. Já o PIDDAC de 2003, o primeiro a ser elaborado pelo Governo em funções, dotou Coimbra de 211 milhões de euros. Seguindo a tendência decrescente, o do próximo ano vai contemplar o distrito com 171 milhões de euros, o que corresponde a uma diminuição de 19%, relativamente a 2003.
O líder da Distrital de Coimbra não se cansou de recorrer a números para sublinhar a ideia de que «o Governo despreza Coimbra», com o PIDDAC de 2004: «O investimento per capita no distrito será de 387 euros, quando a média nacional é de 566 euros» (menos 32%).
Para Baptista, «sempre que o PSD é Governo no país, Coimbra é penalizada e prejudicada. (…). Distritos como Aveiro, Braga, Faro, Lisboa, Porto, Santarém e Setúbal têm investimentos superiores a Coimbra», comparou.

PIDDAC aumentará desemprego

O distrito de Coimbra - onde as últimas legislativas ditaram uma vitória do PS sobre o PSD por 800 votos - viu a sua taxa de desemprego aumentar em 35%, entre Janeiro e Julho de 2003, quando, no resto do país, o crescimento foi de 28,4%.
Ora,a diminuição do investimento público, em 2004, não só vai acentuar o problema do desemprego no distrito, como vai diminuir o seu poder de compra (ligeiramente inferior à média nacional) e contribuir para o envelhecimento da população, face à incapacidade de fixar na região os recém-licenciados da Universidade de Coimbra.
Diminuir o investimento público para combater o défice das contas do Estado não é uma estratégia adequada ao desenvolvimento do país, considerando que o que faz falta é cortar em despesas desnecessárias e implementar medidas eficazes de combate à fraude fiscal.



Nenhum comentário: