sexta-feira, julho 22, 2005

FOGOOOO.......AFLIÇÃO



Mais de sete dezenas de pessoas ficaram ontem alojadas no Polivalente de Coja. Vindas de várias localidades da freguesia, foram evacuadas devido à intensidade do fumo, durante a noite e dia de ontem. Também ontem foi accionado o Plano Municipal de Emergência de Arganil.


Apesar da intensidade das chamas que continuarem a lavrar em diversas frentes na zona do Piódão, o ambiente serenou, durante o dia de ontem, na freguesia de Coja, depois de uma noite atormentada. Mário Vale, vice-presidente da autarquia de Arganil, explicou que, devido à intensidade do fumo e não tanto pela proximidade das chamas, foi necessário proceder à evacuação de algumas dezenas de pessoas, nomeadamente das localidades de Piódão, Chãs de Égua, Foz da Égua, Tojo, Foz Pirreiro e Covica. A estes, sobretudo pessoas de idade avançada, mas também alguns jovens, juntaram-se, durante o dia de ontem, habitantes de Sobral Gordo, Soito da Ruiva, Mourisia e Tojo.
No total, estavam, ontem ao princípio da noite, 73 pessoas alojadas no Polivalente de Coja, de acordo com Mário Vale, que sublinhou o facto da autarquia ter accionado o Plano de Emergência, não tanto pelas chamas, mas sobretudo devido aos efeitos do fumo.
Preocupado com o desenvolvimento do fogo, que transformou a Serra de Açor num verdadeiro pasto de chamas, Mário Vale sublinha a forma eficaz como todo o processo de alojamento das populações evacuadas - algumas da quais com a roupa que tinham no corpo - foi conduzido, bem como o apoio prestado, mormente ao nível de assistência.
Apesar da imensidão das chamas, que chegaram ao concelho de Arganil, vindas de Seia, na tarde de quarta-feira, não há registo de destruição a não ser da floresta. Ardeu uma escola em Souto da Ruiva, afirmou Mário Vale, adiantando que se trata de uma antiga escola primária, desactivada há muito, que a autarquia cedeu à comissão de melhoramentos local. Tirando isso, segundo o autarca, há apenas registo da destruição de alguns barracões.


Coordenação eficaz

O governador civil que acompanhou de perto, ao longo de todo o dia ,as operações de combate às chamas, deslocou-se ontem à tarde ao centro de comando, instalado na Serra do Açor, onde de resto também esteve, ontem por volta das 17h00, o ministro da Administração Interna.
Henrique Fernandes exalta a boa articulação dos diferentes organismos em prol da eficácia, nomeadamente forças de segurança, bombeiros, serviços com responsabilidade na gestão da floresta, dispositivos que trabalham na área da prevenção e serviços municipais. A propósito, refere-se ao facto de terem sido accionados os planos de emergência de Oliveira do Hospital (quarta-feira à noite) e Arganil (ontem), considerando que funcionaram perfeitamente.
Foi possível evacuar, com segurança e tranquilidade, de forma preventiva, cerca de 200 pessoas», afirmou, referindo-se a todo o apoio, em termos de alimentação e alojamento, que rapidamente foi operacionalizado, quer em Coja, quer em Oliveira do Hospital, onde foram evacuadas pessoas das povoações de Parente e Chãs de Égua.
No terreno estavam, ontem ao princípio da noite, com as chamas mais calmas mas ainda longe de serem consideradas sob controlo, após 57 horas sem tréguas, como sublinha o governador civil, 210 bombeiros, 60 viaturas e três máquinas de arrasto, consideradas fundamentais nas operações. De importância significativa, sobretudo para retardar as chamas, estiveram, também, os meios aéreos, nomeadamente, segundo o governante, dois helicópteros, um cannadair e um dromadair, cujas descargas com uma precisão cirúrgica» são fundamentais no entender de Henrique Fernandes.



Aflição em Oliveira do Hospital

Em Oliveira do Hospital ontem ao princípio da noite a situação era de quase desespero, com os bombeiros, exaustos, a lutarem contra as chamas. Parece gasolina a arder, disse o comandante da corporação, que há três dias consecutivos se defronta numa guerra sem tréguas com o fogo. Depois de, na noite de quarta-feira, ter sido accionado o Plano de Emergência e terem sido evacuadas algumas povoações, a manhã de ontem acabou por se revelar mais calma. Segundo aquele responsável, o incêndio foi praticamente extinto ao final da manhã, mas, por volta das 14h00, o aumento da temperatura, do vento e a baixa humidade, provocaram o reacendimento, na zona de S. Sobral, com as chamas a ganharam terreno ao longo da encosta.
Ao princípio da noite, segundo fonte dos bombeiros, o incêndio lavrava em direcção a Parente, Alvoco de Várzeas e Avelar, localidades sobre as quais recaíam as atenções dos bombeiros, que procuravam evitar a aproximação das chamas. Ainda durante a tarde de ontem, e segundo a mesma fonte, foi necessário proceder à evacuação da pequena povoação da Malhada.
Exaustos, sem perspectivas de verem o fogo controlado, os bombeiros de Oliveira do Hospital mantinham-se no terreno, contando com a colaboração da corporação de Vila Nova de Oliveirinha.

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