quinta-feira, maio 06, 2004

Fechem-se as juntas nas sedes de concelho

Não se justifica a existência das juntas de freguesia nas sedes do concelho. Diz um autarca que incentiva à criação de um movimento nacional das juntas do meio rural.
As juntas de freguesia mais pequenas, nomeadamente, as do meio rural, estão completamente votadas ao abandono.
Desafiando a ANAFRE a zelar - também - pelas mais pequenas, o presidente da Junta de Freguesia de Vila Nova, em Miranda do Corvo, aponta o dedo à ineficácia das juntas de freguesia das sedes dos concelhos.
José Godinho - que sabe do que fala porque preside há vários anos a uma pequena junta da zona serrana do concelho de Miranda do Corvo - garante que não se justifica a existência de juntas nas sedes do concelho porque o trabalho se confunde com o das próprias câmaras. Reconhecendo que nestes casos não se sabe bem quem faz - ou não faz - o quê, José Godinho critica, também, o facto dessas juntas receberem mais garantias do FEF, mas quem acaba por fazer praticamente tudo são as Câmaras.
Um reforço de meios que, normalmente, é justificado com o número de habitantes. E os outros?, questiona o autarca referindo?se em concreto aos que vivem nas zonas mais pobres e mais afastados dos poderes.
Confrontado com o facto de uma Câmara existir para olhar por todo o concelho, o autarca sorri e lamenta que tal não seja bem assim, já que as prioridades dos executivos vão, geralmente, para as sedes do concelho.
Movimento das juntas rurais O autarca vai mais longe ao defender a união de todas as juntas do meio rural no sentido de mostrarem a todos, e muito em concreto aos senhores da ANAFRE ?que existem e que fazem um trabalho tão ou mais meritório do que o deles?.
?Devido às diferenças orçamentais que existem, nós, os mais pequenos, debatemo?nos com grandes dificuldades para resolver os problemas das populações das nossas freguesias que merecem e têm direito a todos os benefícios concretizados nas grandes freguesias?, apontou, admitindo que um autarca numa qualquer pequena junta tem que fazer de tudo porque não têm verbas para garantir um quadro de pessoal.
Acusando o facto dos presidentes das grandes juntas de freguesia terem outros meios que, muitas vezes, utilizam sem ser ao serviço das instituições que representam, nomeadamente, viaturas, o autarca lembra que são as juntas mais pequenas que estão mais perto das populações e, também por isso, acabam por ser o ?bode expiatório?... em toda e qualquer situação. Verbas que não chegam sequer para pagar a quota de sócio na ANAFRE, uma vez que todos os cêntimos são necessários para dar resposta às necessidades das populações.
Todas estas questões - aponta - deviam servir de motivo à criação, independentemente das cores partidárias, de um movimento nacional das juntas de freguesia do meio rural que ?até são em maioria?.
Uma maioria que, em seu entender, não é contra ninguém, mas sim, a favor das populações, também elas mais esquecidas. E nada - garante - justifica o seu desaparecimento. Nem mesmo a criação das áreas metropolitanas, entidades que, receia, continuem, a ?esquecer os mais pequenos?.
Preocupações que poderiam, sem dúvida, chegar à mesa da discussão no congresso que se efectuou na Figueira da Foz com a presença de quase 900 congressistas e o primeiro?ministro.



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