sexta-feira, maio 21, 2004

Tecnologia ao serviço da prevenção de fogos



Três helicópteros e um dirigível, comandados à distância, e com funções de detecção e avaliação de incêndios florestais, estão a ser testados na Lousã. Cada um custa cerca de 30 mil euros mas os ideais para este trabalho de prevenção dos fogos custam mais
de 60 mil euros

O aeródromo de Chã do Freixo, na Lousã, serviu ontem de base aos ensaios de teste e demonstração do uso de meios aéreos robotizados para apoio à gestão de incêndios florestais. Três helicópteros e um dirigível equipados com câmaras de vídeo, fotográficas e sensores de detecção de infra-vermelhos levantaram voo e transformaram-se nos olhos dos bombeiros no ar. Mas, na prática, cada equipamento custa cerca de 30 mil euros, o que pode dificultar a sua adopção.
O cientista português responsável por este projecto europeu de aplicação de meios aéreos robotizados (comandados à distância) na gestão dos fogos florestais, Domingos Xavier Viegas, manifestou a necessidade de uma maior integração destas técnicas desenvolvidas cientificamente nas actividades operacionais dos organismos estatais e privados.
Este docente da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra, especializado na análise do comportamento do fogo, que, no âmbito do projecto SPREAD financiado pela União Europeia, coordena cerca de 40 cientistas alemães, franceses, espanhóis e portugueses, considera que nos incêndios do ano passado foi sentida «a falta destes meios».

Aeronaves recolhem informações do fogo
Apesar de admitir estar pouco optimista, após uma demonstração do desempenho das aeronaves, Domingos Xavier Viegas disse esperar «poder aplicar estes meios, em breve, em Portugal com o apoio das autoridades». Isto porque, quer os helicópteros quer o dirigível, podem ser equipadas com câmaras de vídeo, máquinas fotográficas de alta resolução ou sensores de infra-vermelhos.
Estes acessórios das aeronaves robotizadas proporcionam a recolha de informações sobre o foco de incêndio florestal, a área onde lavra e a sua dimensão. De acordo com esses dados, entretanto transmitidos e analisados num centro de coordenação operacional, quem assume as funções de comando pode «decidir melhor sobre os meios que vai usar».
O dirigível, especificamente, está equipado com sistemas capazes de «desenhar um mapa da vegetação» de uma área de acesso impossível aos bombeiros, pelo que, de acordo com Domingos Xavier Viegas, também presidente da Associação para o Desenvolvimento da Aerodinâmica Industrial (ADAI), pode substituir «o homem e outros meios mais dispendiosos necessários ao batimento do terreno».
Depois dos ensaios de campo e da demonstração, cientistas e aeronaves robotizadas seguem hoje, sexta-feira, para a Serra da Lousã, concretamente para Gondramaz, no concelho de Miranda do Corvo, onde vão ser testados noutros ensaios de campo relativos ao combate de incêndios florestais. Integrados no projecto SPREAD, estes ensaios são feitos por investigadores de 25 instituições europeias.
Para a utilização prática destas aeronaves robotizadas, os cientistas debatem-se com algumas dificuldades, como o facto destes equipamentos não serem os mais adequados para o trabalho no dia-
-a-dia. Digamos que servem para estes ensaios e testes mas para o trabalho no terreno, segundo Domingos Xavier Viegas, seriam precisos «outros helicópteros com maior capacidade de carga, apropriados a outras condições atmosféricas», cujos preços partem dos 60 mil euros.



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