sexta-feira, maio 20, 2005

Isaltino Morais acusa Marques Mendes de favorecer amigos


Isaltino Morais, o candidato independente à Câmara de Oeiras acusou o presidente do PSD, Luís Marques Mendes, de ser o homem dentro do partido que, nos últimos 30 anos, mais pressões fez para colocar os amigos em cargos públicos.
«Se há alguém no PSD que ao longo dos últimos 30 anos sempre se preocupou em colocar os amigos aqui e além (...) é o doutor Marques Mendes», declarou.
Numa entrevista na noite de quinta-feira, Isaltino afirmou ainda que foi pressionado pelo actual líder do PSD, quando era ministro, para favorecer um conhecido seu na nomeação para um cargo público. O candidato social-democrata disse ainda que está a ser penalizado por não ter atendido esse pedido.
Recorde-se que a comissão política nacional do PSD vetou, na passada quarta- feira, a proposta de candidatura de Isaltino Morais para a Câmara Municipal de Oeiras, decidindo apoiar Teresa Zambujo.
Esta decisão já era conhecida desde o início do mês, altura em que Marques Mendes invocou questões de credibilidade e confiança política para justificar a recusa da direcção do partido em apoiar Isaltino Morais.
Ainda assim, Isaltino Morais garantiu que será candidato, com ou sem o apoio do PSD.
Na mesma entrevista, o candidato social-democrata citou o que considerou ser um exemplo de pressão exercida sobre si por Luís Marques Mendes quando era ministro das Cidades, do Ordenamento do Território e do Ambiente e o actual líder «laranja» era ministro dos Assuntos Parlamentares.
Segundo Isaltino, Marques Mendes pressionou-o no sentido de nomear um conhecido seu para o cargo de presidente da empresa pública Águas de Portugal.
«Pressionou-me a mim e ao próprio primeiro-ministro (então Durão Barroso) para designar uma determinada pessoa para a presidência da Águas de Portugal», disse, acrescentando que recusou o pedido por considerar que a pessoa indicada não tinha «competência técnica» para o cargo.
O ex-ministro das Cidades admitiu que acabou por nomear a pessoa, não para presidente, mas para o cargo de administrador na Águas de Portugal.
Sem mencionar o nome da pessoa, Isaltino Morais afirmou tratar-se do «primeiro vice-presidente da Comissão Política Nacional do PSD».
Confrontado com estas declarações, Marques Mendes afirmou ao mesmo canal de televisão que as suas decisões «suscitam pressões, pressões muitas vezes com inverdades».
Isaltino Morais esteve à frente do município de Oeiras até Abril de 2002, altura em que saiu da câmara para exercer o cargo de ministro das Cidades, do Ordenamento do Território e do Ambiente, no Governo de Durão Barroso.
Um ano depois, abandonou o executivo por considerar que não tinha condições para exercer cargos políticos na sequência da investigação de que estava a ser alvo por contas bancárias que alegadamente possuía na Suíça sem as ter declarado, um processo que ainda está em curso.

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