O atraso na abertura da época da caça (calendário venatório) está a provocar algum mal-estar entre os caçadores. Mário Antunes, como vice-presidente da Confederação Nacional dos Caçadores Portugueses, pensa mesmo que quem decidiu devia dar a cara e não ficar na sombra, ao abrigo das entidades em que trabalha
«O calendário venatório é uma grande borrada.» As palavras são de Mário Antunes, a propósito das datas de abertura da caça no nosso país, cujo início foi atrasado de Agosto para Setembro.
Foi mais longe na sua análise da situação, apontando que «os técnicos da Direcção Geral das Florestas que decidiram o atraso das datas de abertura da caça, nos vários regimes», não podem «ficar a coberto das entidades onde trabalham» e sim «dar a cara», por forma a saber-se «quem faz as asneiras e quais razões que os levam a cometê-las».
Noutro campo, na disparidade dos preços das taxas praticadas nas Zonas de Caça Municpais (ZCM), revelou ainda que a Confederação Nacional dos Caçadores Portugueses «está a preparar, por outro lado, um ?memorandum?» sobre a regulamentação das taxas aplicadas nas ZCM, outra das queixas feitas pelos caçadores, uma vez que «os preços são muito diferentes de ZCM para ZCM».
O também presidente do Clube de Caçadores e Pescadores da Beira sublinhou que «a intenção não é harmonizar as taxas», pela «sua impossibilidade», mas «ao menos regularizá-las», por forma «não haver taxas insignificantes nalgumas ZCM e proibitivas noutras».
ZCM funcionam no Norte do país como ordenamento
A questão que se põe tem a ver, com o facto de haver Associações de Caça, Juntas de Freguesia e Câmaras Municipais que nas ZCM «oferecem caça», através de «uma protecção e gestão do equilíbrio cinegético» e que, por via disso, «pretendam ver-se ressarcidas dos investimentos realizados», o que «é perfeitamente normal»,
Comentando declarações feitas à Lusa por Eduardo Biscaia, presidente da Federação Nacional de Caçadores e Proprietários (FNCP), que considera «inconstitucional e ilegal» a Lei de Bases da Caça, nomeadamente no tocante às Zonas Municipais de Caça (ZCM), levando a que donos de terrenos vejam o seu invadido sem sua autorização, Mário Antunes sublinhou estar-se perante «uma velha guerra», que se passa no Ribatejo e no Alentejo, onde as propriedades chegam a atingir grandes proporções e não no Norte do país.
«Na Região Centro e Norte do país mais de 30 ou 40 por cento dos proprietários nem sequer vivem em Portugal, pois são emigrantes.»
Nesse ponto, as Zonas de Caça Municipais, normalmente concessionadas a Associações ou então geridas por Juntas de Freguesia ou mesmo Câmaras Municipais funcionam como uma forma de «ordenamento do espaço cinegético», para «não haver desequilíbrios» e a prática de alguma selvajaria, como chegou a suceder em tempos idos.
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