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segunda-feira, agosto 23, 2004
Senhor da Serra - Santuário reclama melhores condições
Para cumprir uma promessa, por fé e devoção, ou simplesmente porque já se tornou um hábito,milhares de romeiros estiveram ontem no Santuário do Divino Senhor da Serra, em Semide, cumprindo mais um ano de tradição naquela que é a única romaria da região das Beiras dedicada a Cristo Crucificado.
A antiga ermida do Senhor da Serra, hoje imponente Santuário, esteve ontem mergulhada em fé e devoção. Milhares de romeiros fizeram-se à estrada para pagarem as suas promessas e ouviram a palavra de Deus. A romaria perdeu um pouco o brilho de outros tempos, mas a verdade é que os romeiros continuam, em massa, a irem ao Senhor da Serra.
Acendendo uma vela ou percorrendo a passadeira de mármore de joelhos, muitas são as formas de pagar promessas e agradecer a Deus.
«Voltei com um familiar para pagar uma promessa. Vim por fé, porque se não tivesse fé não valia a pena vir cá»
Para o padre António Pedro, esta é uma romaria «altamente tradicional», «tipicamente das Beiras». A «filha do Convento de Semide», como designou esta romaria, é «popular, de gente simples, gente boa, gente de fé que sente necessidade de caminhar para Deus e para a verdade.
A tradição mantém-se, mas a verdade é que a romaria já não é o que era.
«Uma romaria incluía sempre uma caminhada espiritual. Eram nove dias (uma novena) em que as pessoas se juntavam».
Hoje já não é assim, mas o padre lá vai dizendo que «ainda se mantêm alguns traços de divertimento próprio das romarias».
O Santuário foi pequeno para acolher todos aqueles que quiseram assistir à eucaristia, por isso, para muitos a solução foi esperar pelo fim das celebrações e visitar então o interior do Santuário. En
Entretanto, no exterior, a pequena capela onde está Cristo carregando a cruz, foi local de passagem para muitos fiéis.
A falta de espaço é, de resto, um problema que o Padre António Pedro não hesita em criticar. «Há falta de espaços de estar, de divertimento, falta de espaços para criar o espírito da reunião entre os romeiros», alertou. O pároco lembra também os maus acessos, feitos apenas por uma pequena estrada, que nesta altura é rapidamente congestionada.
Tudo isto num Santuário que afirma estar esquecido pelas Beiras. «Esta romaria não tem condições para ser uma grande romaria das Beiras. Era bom que se interessassem pelos acessos, pelo acolhimento das pessoas. Era bom para as Beiras», afirmou, salientando que esta é uma romaria que atrai, desde há séculos, milhares de romeiros vindos de vários pontos do país.
O Santuário do Divino Senhor da Serra data do século XVII e tem as suas origens no Mosteiro de Santa Maria de Semide e nas festas da senhora da Boa Morte.
No actual Santuário existiu uma cruz de Cristo crucificado, pertença do Mosteiro, onde as monjas mandaram erguer uma pequena ermida. Posteriormente foi construída uma hospedaria e o actual Santuário. Ontem foi inaugurada a hospedaria principal, um espaço de apoio aos romeiros.
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