O Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) acusou o comandante dos Bombeiros de Poiares, Jaime Soares, de ter impedido o acesso de uma equipa de emergência às vítimas de um acidente ocorrido sábado naquele concelho. Jaime Soares afirma que o INEM chegou ao local cinco minutos depois das ambulâncias terem saído, que esclareceu a médica sobre o número das vítimas, sua situação clínica e destino, adiantando que estas acusações são uma "mentira tenebrosa".
Segundo um relatório ontem divulgado pelo INEM, Jaime Soares impediu a equipa "de aceder ao local, assim como conhecer o número real de vítimas".
O acidente de viação, registado na madrugada de sábado na estrada da Beira (EN-17), na povoação de Vale de Vaz, Vila Nova de Poiares, causou um morto e cinco feridos.
O relatório,foi elaborado por uma médica dos Hospitais da Universidade de Coimbra (HUC) responsável pela viatura de emergência activada para o acidente. Numa nota que acompanha o relatório, assinada pelo vogal Pedro Lopes, o conselho directivo do INEM esclarece que "assume por inteiro" o conteúdo do documento.
À chegada ao local, o senhor comandante dos Bombeiros Voluntários de Poiares interceptou a viatura médica, perguntando quem nos tinha activado" e "porque demorámos tanto tempo a chegar", adianta.
Segundo o relatório, Jaime Soares, fazendo "gestos inadequados", informou a equipa médica "que já não havia vítimas no local" e que ele próprio "já tinha coordenado a evacuação das mesmas" para os HUC e para o Serviço de Atendimento Permanente (SAP) do Centro de Saúde de Poiares.
Presidente da Comissão Política Distrital do PSD, Presidente da Confraria da Chanfana,Comandante dos Bombeiros Voluntários do concelho de Poiares, cuja Câmara Municipal lidera há três décadas, Jaime Soares é também presidente da Federação dos Bombeiros de Coimbra.
Em declarações à imprensa, ontem e domingo, Jaime Soares exigiu a demissão dos responsáveis distritais e nacionais do INEM, criticando a alegada demora e a actuação da equipa da emergência médica no acidente.
Jaime da Chanfana acusou o INEM de "falta de sentido ético e de espírito de parceria".
Só no final dos trabalhos de "suporte avançado de vida", nas urgências dos HUC, é que a equipa do INEM foi informada do número de vítimas do acidente, acrescenta o relatório, que reitera a "recusa do senhor comandante" Jaime Soares em deixar a viatura da emergência parar no local da colisão e aceder aos sinistrados.
É também elogiada a actuação dos Bombeiros Municipais da Lousã, que apoiaram a intervenção da equipa médica já na estrada da Beira e que "não concordaram com o procedimento, mas cumpriram" as ordens do Comandante de Poiares.
Contactado pela Lusa, o comandante dos Bombeiros da Lousã, João Luís Lopes, disse que os membros da corporação envolvidos no socorro às vítimas do acidente, em colaboração com os colegas de Poiares, limitaram-se a acatar as instruções de Jaime Soares. "Quem eram eles para irem contra as ordens do comandante operacional distrital?"
Jaime Soares considera estar-se perante uma "invenção diabólica" ele que chegou 3 minutos depois de activado o 112.
e tenta defender-se das acusações que lhe são dirigidas.
...que impediu a equipa de «aceder ao local, assim como conhecer o número real das vítimas»,
... é taxativo: «Isso é a maior falsidade, uma mentira tenebrosa, uma atitude vergonhosa, perfeitamente inqualificável, uma invenção diabólica».
«Quando a equipa do INEM chegou ao local do acidente já ali não se encontrava nenhum sinistrado», sublinhou Jaime Soares, uma vez mais, desmentindo «categoricamente» qualquer atitude no sentido de impedir o acesso da equipa aos feridos.
Nervoso com a situação e com as acusações, mantém o pedido de inquérito que formulou no domingo, no sentido de se averiguar "por que é que as viaturas saíram às 1h55 do local do acidente e só chegaram aos HUC às 3h40".
«Alguém iria evitar que uma equipa médica tomasse conta de qualquer situação de sinistralidade? Só um louco faria isso e eu não sou louco», diz Soares. «Isto é tenebroso, uma invenção diabólica, é uma das maiores mentiras que se pode imaginar», remata, afirmando que irá «accionar judicialmente» os responsáveis por esta «tremenda mentira».
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